Jacqueline Sachett vence prêmio e reforça urgência de políticas para vítimas de animais peçonhentos na Amazônia
Reconhecimento nacional destaca urgência de políticas públicas na Amazônia
Os acidentes com jararacas seguem atormentando comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas da Amazônia. A cena é antiga, repetida, teimosa como a floresta que resiste. E o país ainda falha em garantir tratamento rápido para evitar sequelas graves e mortes.
Nesse cenário, a pesquisadora Jacqueline Sachett, professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), despontou como vencedora da categoria Ciências da Vida da 20ª edição do prêmio Para Mulheres na Ciência, iniciativa do Grupo L’Oréal no Brasil em parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
A conquista joga luz sobre um tema negligenciado: o cuidado com vítimas de acidentes ofídicos, especialmente nas regiões mais isoladas do Norte.
Tecnologia de luz para acelerar a recuperação
O projeto de Jacqueline analisa a eficácia da fotobiomodulação, terapia que utiliza luz de baixa intensidade para complementar o antiveneno. A aposta é simples e ousada: reduzir infecções secundárias e acelerar a recuperação. O estudo também investiga como o veneno compromete funções físicas e neurossensoriais e de que forma essas sequelas moldam — e limitam — a vida dos pacientes ao longo dos anos.
“Precisamos de políticas públicas que garantam melhor qualidade de vida para esses pacientes. O problema não é só da Amazônia; é do Brasil inteiro”, afirma a pesquisadora.
Mulheres na ciência e a batalha por espaço
Jacqueline, enfermeira de origem e cientista por vocação, lembra que trilhou esse caminho para deixar legado e formar novas gerações. Ela também reforça as barreiras enfrentadas por mulheres em áreas ainda dominadas por homens.
“Muitas vezes, a opinião feminina não tem o mesmo peso. Precisamos lutar para sermos ouvidas”, diz. Entre suas referências estão as cientistas Ana Moura e Fan Hui, do Instituto Butantan, figuras que pavimentaram, à moda antiga, caminhos que hoje inspiram outras mulheres.
Pesquisar na Amazônia é remar contra a maré
Para quem trabalha na Região Norte, o reconhecimento traz um simbolismo profundo. Recursos escassos, distâncias gigantescas e temas pouco valorizados compõem o cotidiano de quem insiste em produzir ciência amazônica com impacto social.
“Represento a Amazônia em um tema negligenciado, que atinge sobretudo pessoas de baixa renda, trabalhadores rurais e populações tradicionais. Essa visibilidade abre portas e fortalece novas parcerias”, celebra Jacqueline.
Sobre o Grupo L’Oréal
O Grupo L’Oréal atua há 115 anos com um portfólio internacional de 38 marcas. Em 2024, registrou 43,48 bilhões de euros em vendas e mantém mais de 90 mil colaboradores no mundo. O Brasil, quarto maior mercado global de beleza, abriga 22 marcas da companhia. A empresa investe fortemente em Pesquisa & Inovação e sustenta metas de sustentabilidade por meio do programa L’Oréal Para o Futuro.
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