Polícia confirma que médica admitiu prescrição incorreta e investiga falhas estruturais no Hospital Santa Júlia
Delegado aponta erro sistêmico e confirma que médica admitiu prescrição incorreta no caso Benício
Manaus (AM) – O delegado Marcelo Martins, da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), afirmou nesta segunda-feira (8/12) que a morte de Benício Xavier de Freitas, de seis anos, no Hospital Santa Júlia, foi resultado de um erro sistêmico envolvendo diferentes profissionais da unidade.
As declarações atualizam a linha de investigação e reforçam a gravidade das falhas que ocorreram no atendimento.
Médica admitiu ter prescrito adrenalina por via endovenosa
Segundo Martins, a médica responsável pela primeira avaliação prescreveu adrenalina por via endovenosa, conduta inadequada para o quadro da criança, que deveria receber a medicação por nebulização. O delegado informou que a própria profissional reconheceu o erro, registrado tanto no prontuário quanto em mensagens de WhatsApp anexadas ao inquérito.
Técnica aplicou o medicamento sem dupla checagem
A técnica de enfermagem que realizou a aplicação declarou que seguiu o que estava no sistema eletrônico do hospital. O delegado explicou que não houve dupla checagem, etapa obrigatória para medicamentos de alto risco. Ele classificou o caso como uma sequência de falhas que “se somaram e resultaram na morte da criança”.
Perícia vai examinar alegação de falha no sistema
A defesa da médica apresentou um vídeo que sugere possível alteração automática da via da medicação no sistema de prescrição. Martins afirmou que a hipótese será analisada por perícia técnica, mas reforçou que vistoria preliminar da equipe policial não identificou falhas no software.
O laudo pericial deve esclarecer se houve erro humano, falha tecnológica ou combinação dos dois fatores.
Hospital será investigado por falhas estruturais
Além da cadeia de erros humanos, a Polícia Civil investiga falhas estruturais do hospital, como a ausência de farmacêutico no setor no momento do atendimento, o que poderia ter evitado a aplicação incorreta. Martins afirmou que a falta do profissional reduz a capacidade de identificar erros críticos antes de chegarem ao paciente.
Especialistas defendem revisão constante de práticas clínicas, reforço na capacitação de equipes e fiscalização permanente para reduzir vulnerabilidades no atendimento a crianças.
Etapas pendentes da investigação
A PC-AM aguarda:
- o laudo pericial do sistema eletrônico de prescrição;
- relatórios internos sobre protocolos de medicação;
- novos depoimentos de profissionais da equipe médica e da gestão do hospital.
O Ministério Público do Amazonas acompanha o caso e deve decidir sobre eventual responsabilização após a conclusão do inquérito. Martins afirmou que a polícia trabalha para encerrar a investigação ainda em dezembro.
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