Desabamentos em 2022 evidenciaram precariedade da rodovia; DNIT prevê entrega das novas pontes em 2025
Manaus (AM) – Quase três anos se passaram desde a manhã trágica de 28 de setembro de 2022, quando a ponte sobre o rio Curuçá, na BR-319, desabou de forma repentina. A tragédia causou a morte de quatro pessoas e deixou outras 14 feridas, marcando a vida de todos os envolvidos.
Pouco mais de uma semana após o desabamento da ponte sobre o rio Curuçá, a ponte sobre o rio Autaz-Mirim, também na BR-319, cedeu em 8 de outubro de 2022, evidenciando ainda mais a precariedade da infraestrutura na região. Localizada um quilômetro à frente, a travessia teve início recentemente em obras de reconstrução, com investimento estimado em R$ 30 milhões.
O desabamento das pontes foi apenas um capítulo de uma história mais ampla que ainda assombra a Amazônia. O colapso expôs de forma dramática a fragilidade da infraestrutura rodoviária na região e reacendeu os debates sobre a reconstrução e o futuro da BR-319, eixo vital para garantir ao Amazonas o direito de ligação terrestre com o restante do País.
O legado da tragédia na BR-319
As tragédias não foram episódios isolados, mas o ápice de anos de negligência na manutenção de um eixo viário essencial à ligação entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO).
Após os desabamentos, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realizou uma obra emergencial de revitalização na ponte sobre o rio Curuçá. A reconstrução definitiva segue em andamento, com entrega prevista para o segundo semestre de 2025.
Embora o governo federal tenha reconhecido a urgência de intervenções, a lentidão burocrática e os impasses ambientais continuam a frear o progresso.
Trecho do Meio
Símbolo do abandono histórico, a BR-319 permanece uma via estratégica para a economia e o transporte, mas marcada pelo risco permanente, sobretudo no problemático “Trecho do Meio”.
A ausência de infraestrutura adequada, evidenciada pelo desabamento da ponte, não coloca em risco apenas a vida de quem trafega pela rodovia, mas também isola comunidades e dificulta o transporte de produtos. A pressão pela reconstrução da BR-319 se intensificou após o colapso, mas a estrada continua no dilema de conciliar sua importância econômica com os desafios ambientais da região.
A polêmica ambiental e o futuro da BR-319
As licenças ambientais continuam como um dos maiores obstáculos à reconstrução definitiva da BR-319. Enquanto defensores da obra destacam sua importância para o desenvolvimento regional, ambientalistas alertam para os riscos de desmatamento e invasões de terras indígenas. O desabamento das pontes reforça que a falta de investimento em infraestrutura traz graves consequências para a vida humana e o meio ambiente.
O debate sobre a revitalização da rodovia reúne posições divergentes: autoridades federais e estaduais concordam quanto à urgência da obra, mas divergem na maneira de equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental.
Autoridades federais buscam equilíbrio
O ministro dos Transportes, Renan Filho, tem buscado conciliar os dois pontos de vista.
“Nosso objetivo é ter uma estrada que permita a coexistência da sustentabilidade com a necessidade das pessoas”, afirmou em reunião com governadores e parlamentares, defendendo a criação de um grupo de trabalho para viabilizar o projeto.
“Não se trata somente de um projeto de engenharia, mas de uma gestão atenta à questão ambiental”, reforçou.
A visão estadual e a crítica direta
O governador do Amazonas, Wilson Lima, insiste que a BR-319 não pode ser vista apenas como uma demanda regional:
“Precisamos entender que a BR-319 é um projeto do Brasil. Precisamos juntos dialogar, mostrar soluções, mostrar que é possível.”
“Ainda há uma intransigência por parte do Brasil e do mundo, daqueles que não conseguem entender a complexidade que é a Amazônia”, completou.
Na esfera parlamentar, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) adota um tom mais direto:
“A BR-319 não é uma simples estrada; é uma solução para conectar o Amazonas ao país, e não para passeios de carro.”
“Defendemos o direito de 2 milhões de cidadãos que enfrentam isolamento, falta de transporte, atoleiros e poeira na seca.”
As declarações refletem a diversidade de vozes em torno da BR-319, rodovia que segue no centro de disputas políticas, jurídicas e ambientais, mas que carrega peso estratégico para a integração do Amazonas ao restante do país.
Nota do DNIT:


Em 26 de agosto de 2025, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) publicou em seu site oficial que avança com as obras de construção das pontes sobre os rios Curuçá e Autaz-Mirim, na BR-319/AM.
De acordo com o Departamento, a ponte sobre o rio Curuçá, localizada no km 23 da rodovia, está 80% concluída, com dois tabuleiros instalados e concretados. Com 150 metros de comprimento, 13 metros de largura e acostamentos de 1,5 metro, a previsão é de que a ponte seja entregue em setembro de 2025, com investimento de aproximadamente R$ 27 milhões.
Já a ponte sobre o rio Autaz-Mirim, um quilômetro à frente, encontra-se em fase inicial, com escavação e concretagem em andamento, aproveitando o período de estiagem. A nova estrutura terá 210 metros de comprimento, com investimento estimado em R$ 30 milhões.
Veja o vídeo:
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