Manaus (AM) – As irmãs siamesas Yasmin Vitória e Eliza Vitória, nascidas na maternidade Ana Braga, em Manaus, iniciaram nesta quinta-feira (24) uma nova etapa do tratamento médico. A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) coordenou a transferência das bebês para Goiânia (GO), por meio do programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
O destino é o Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), centro de referência nacional em cirurgias pediátricas complexas. A transferência foi realizada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, acompanhada por equipe médica especializada, além da mãe e da avó materna das crianças.
Equipe médica especializada e centro de referência
O procedimento cirúrgico será conduzido pelo cirurgião pediátrico Zacharias Calil, especialista em separações de siameses há mais de 25 anos. Ele já realizou 22 cirurgias semelhantes ao longo da carreira.
Segundo a secretária da SES-AM, Nayara Maksoud, o Estado garante suporte total à mãe e às filhas, desde o pré-natal até esta nova etapa.
“Seguimos com a nossa política de valorização dos servidores estaduais, desta vez beneficiando os profissionais das Forças de Segurança que atuam de forma valiosa na proteção da população”, afirmou o governador Wilson Lima.
Exames e diagnósticos em Manaus
Antes da viagem, no dia 12 de abril, Yasmin e Eliza foram submetidas a exames na Fundação Hospital do Coração Francisca Mendes (FHCFM). A SES-AM mobilizou cerca de 50 profissionais, entre cardiopediatras, anestesistas, cirurgiões e radiologistas, para formar o diagnóstico que embasou a transferência.
A secretária executiva adjunta de assistência, Mônica Melo, explicou que a transferência foi realizada com apoio da Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade, do Ministério da Saúde.
“Efetivamos esse transporte aéreo de forma organizada, na UTI aérea, para que as crianças cheguem com segurança ao hospital Hecad”, explicou.
Condição rara e cuidados intensivos
As meninas nasceram em 9 de abril, com uma condição rara conhecida como toraco-onfalopagia, em que os bebês estão unidos pelo tórax e abdômen. É o primeiro caso registrado desse tipo na maternidade Ana Braga em seus 20 anos de funcionamento.
O médico emergencista e coordenador aeromédico, Rodrigo Mascarenhas, comentou o estado das crianças:
“É um caso extremamente complexo, mas as meninas mantêm uma estabilidade incrível. Estão no ar ambiente, em conforto, com o suporte canguru, junto da mãe.”
Acolhimento e apoio à mãe
A mãe das gêmeas, Elizandra da Costa, veio de Monte Alegre (PA) para Manaus, onde iniciou o pré-natal em novembro na maternidade Nazira Daou, referência em gestações de alto risco.
“Optei por vir para Manaus, porque aqui tem uma estrutura melhor para ter as crianças e todo um suporte. Depois que dei entrada, vi que a equipe é excelente, estão me tratando muito bem e isso é muito gratificante para a gente que é mãe, porque nos sentimos acolhidas”, relatou.
Desde o nascimento, mais de 100 profissionais de saúde atuam diretamente no caso, oferecendo acompanhamento integral às meninas e à família.
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