Com mais de 7 milhões de km², a bacia hidrográfica amazônica abrange nove países e molda o clima, a biodiversidade e o futuro do planeta.
Onde começa a Amazônia?
A bacia amazônica não começa em Manaus, nem no Brasil. Começa onde o continente respira mais alto: nos Andes peruanos, a mais de 5 mil metros de altitude. Ali, no degelo das montanhas de Carhuasanta, nasce um fio d’água chamado Apurímac — discreto, inocente. Mas esse fio se transforma, cresce, se funde a outros e vira o rio mais poderoso do planeta: o Amazonas.
Esse gigante percorre um trajeto sinuoso de mais de 7.000 km (dependendo do ponto exato de medição) até despejar sua força no Oceano Atlântico. Mas o rio é apenas a coluna vertebral de algo maior: a bacia amazônica, que cobre cerca de 7,1 milhões de quilômetros quadrados, sendo a maior bacia hidrográfica do mundo.
Uma bacia, nove países
A bacia amazônica não é só brasileira. Ela se estende por nove países da América do Sul:
- Brasil (com a maior porção, cerca de 60% da bacia)
- Peru
- Colômbia
- Venezuela
- Equador
- Bolívia
- Guiana
- Suriname
- Guiana Francesa
Esse território equivale a mais de 40% da América do Sul — um continente dentro do continente, com mais de 1.100 rios e cerca de 25 mil afluentes.
Dimensão que desafia o olhar
Com mais de 7 milhões de km², a bacia amazônica:
- Supera em área países inteiros como Austrália ou Índia
- Abriga a maior floresta tropical do mundo
- Gera cerca de 20% da água doce que deságua nos oceanos
- Possui a maior biodiversidade do planeta, com milhões de espécies ainda desconhecidas pela ciência
Esses números não são apenas grandes. Eles são incompreensíveis à escala humana. A Amazônia não é um “pulmão”: ela é um sistema circulatório inteiro, onde rios, igarapés e florestas operam como artérias que mantêm o planeta vivo.
A bacia que comanda o clima
A dimensão da bacia amazônica é tão vasta que afeta o clima de continentes inteiros. As árvores transpiram bilhões de litros de água por dia, criando rios voadores — massas de vapor que viajam até o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, e até a Argentina.
Quando a floresta é desmatada, esse ciclo evapora junto. E não é metáfora: estudos mostram que o colapso do regime hídrico da Amazônia pode levar o Brasil agrícola ao racionamento e à perda de produtividade. A destruição de um único trecho do bioma é como cortar uma veia do planeta.
Bacia hidrográfica ≠ Floresta amazônica
Importante esclarecer: a bacia amazônica (hidrográfica) e a Amazônia legal (socioambiental) não são a mesma coisa. A bacia é definida pelo sistema de drenagem dos rios; já a Amazônia Legal é um recorte político que inclui áreas do Cerrado, da Caatinga e outras transições ecológicas.
- Bacia amazônica: 7,1 milhões de km² (abrange 9 países)
- Amazônia brasileira: cerca de 5 milhões de km²
- Amazônia Legal (Brasil): 5,2 milhões de km² (inclui 9 estados)
Um território ameaçado pela própria grandiosidade
A imensidão da bacia amazônica, que deveria protegê-la, tornou-se desculpa para negligência. Justamente por ser tão grande, é impossível monitorar tudo em tempo real. E por isso:
- O garimpo ilegal avança por rios como o Madeira e o Tapajós.
- Hidrelétricas fragmentam a conectividade ecológica dos afluentes.
- A ocupação urbana desordenada suga os recursos dos igarapés.
- A crise climática acelera o ponto de não retorno.
A bacia amazônica já mostra sinais de colapso em alguns trechos: rios secos fora de época, peixes mortos por falta de oxigênio e populações ribeirinhas sem água potável.
O que está em jogo
Entender a extensão da bacia amazônica é entender o tamanho da responsabilidade que paira sobre nós. Proteger esse território não é só uma pauta ecológica — é uma questão de sobrevivência continental.
No fim, a pergunta se inverte
Afinal, não se trata mais de perguntar:
“Qual é a dimensão da bacia amazônica?” A pergunta certa talvez seja:
“Qual é a nossa dimensão diante dela?”
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