A realeza ferida: gavião-real resgatado no AM luta pela vida em Manaus
Manaus, 22 de abril de 2025 —Na Amazônia, até a realeza sangra. Na terça-feira, 16 de abril, um gavião-real — a ave que reina sobre as copas da floresta com a mesma imponência de um imperador — foi resgatado com uma pata fraturada. A operação, que uniu o Ibama e a Secretaria de Meio Ambiente de Barreirinha (Semma), salvou o animal. Hoje, ele repousa sob cuidados intensivos no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em Manaus.
O bicho foi achado no dia 8, nas redondezas da Comunidade Freguesia do Andirá, no município de Barreirinha. Machucado, apático e magro, o predador virou paciente.
“Não temos estrutura para cuidar de um animal desse porte aqui”, contou Marcos Antônio Bahía, coordenador de Controle Ambiental da Semma. A frase traduz, em poucas palavras, a urgência do resgate e o abismo entre a potência da floresta e a fragilidade dos meios locais para defendê-la.
No Cetas, o diagnóstico confirmou o que já se temia: fratura visível, corpo debilitado, comportamento letárgico. O estado da ave ainda inspira cuidados. Pode precisar de cirurgia. Mas nada é feito às pressas. O protocolo é rígido.
“A decisão será tomada com base em critérios clínicos e comportamentais”, explicou André Gonçalves, biólogo do Ibama, citando a Instrução Normativa nº 5/2021.
Harpia
A harpia — nome chique e mitológico do gavião-real — não é só mais uma ave. Ela é um símbolo de tudo que resta de sublime na floresta. Uma espécie que impõe respeito com as garras afiadas e o olhar que fura o tempo. É a própria Amazônia, plumada e feroz, tentando sobreviver.
Essa foi a primeira ocorrência registrada de um gavião-real ferido em Barreirinha. Pode parecer pouco. Mas é muito. É a floresta mandando sinal de fumaça, pedindo atenção. A atuação integrada do Ibama com os órgãos locais mostra que ainda há fôlego — e gente disposta — para ouvir esses chamados.
Enquanto isso, no Cetas de Manaus, o gavião-real encara o tratamento. Aguarda exames, come devagar, sonha talvez com o voo perdido. Resta torcer para que volte ao céu — e não à estante de taxidermia. Porque o lugar de rei, até na selva, é no alto.
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