Uma nova espécie de cobra da família das jiboias-anãs foi descoberta na floresta Amazônica equatoriana. Chamada de Tropidophis cacuangoae, a cobra é a segunda espécie encontrada na região amazônica do Equador e quinta na região continental da América do Sul.
A descoberta foi publicada na revista especializada European Journal of Taxonomy com a colaboração de pesquisadores do Equador, da Alemanha e do Brasil.
A análise genética mostrou que T. cacuangoae é uma espécie única e que sua diferenciação de outras espécies ocorreu há pelo menos 15 milhões de anos.
Nomeada em homenagem a Dolores Cacuango, líder indígena local que defendeu os direitos das mulheres e dos direitos humanos no Equador, a cobra tem cerca de 30 centímetros de comprimento e sua cor é predominantemente marrom claro com manchas escuras.
Diferenciação de espécies do gênero
Ela pode ser diferenciada das outras espécies do gênero por ter mais dentes na boca (18 a 21 dentes no maxilar) e pela presença de duas vértebras cervicais (versus três ou mais).
A Tropidophiidae pertence a um grupo raro, que manteve características de família ancestrais semelhantes às outras espécies de serpentes nos últimos 50 milhões de anos.
De acordo com Omar Entiauspe-Neto, biólogo e um dos autores do estudo, a cobra foi encontrada na Reserva Biológica Colonso Chalupas, próximo ao município de San Juan de Muyuna, na província de Napo.
A espécie-irmã T. taczanowsky vive na costa oeste dos Andes e não há registros de serpentes do gênero Tropidophis escalando árvores, apenas arbustos ou árvores baixas. Portanto, é provável que T. cacuangoae se separou da outra durante o soerguimento dos Andes
Ela também está distante mais de 4.000 km das outras espécies continentais do grupo, o que indica que a evolução dos biomas sul-americanos contribuiu para a diversificação do grupo.
Uma característica que chama a atenção desses animais é que eles apresentam restos de bacia pélvica e membros vestigiais, semelhantes a outros grupos mais primitivos de serpentes;
“Esses animais são uma relíquia do tempo, são tão antigos que encontrar ou esbarrar com um deles é um privilégio”, como aponta Mario Yanez, pesquisador equatoriano do Instituto Nacional de Biodiversidade (INABIO), em declaração à Agencia France-Presse.
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