A saúde do planeta pode alcançar um ponto irreversível em poucos anos se não forem adotadas medidas urgentes para mitigar a crise climática. De acordo com uma análise publicada na revista científica BioScience nesta terça-feira (8), 25 dos 35 parâmetros utilizados para monitorar as mudanças climáticas atingiram recordes extremos no último ano, incluindo temperatura média da superfície da Terra, cobertura de gelo e acidez dos oceanos. As informações são da Agência Bori.
O estudo foi elaborado por uma coalizão internacional liderada por cientistas da Universidade de Oregon, com a participação de quatorze pesquisadores de doze instituições, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O documento revela que os três dias mais quentes da história ocorreram em julho de 2024, com temperaturas médias globais diárias alcançando novos máximos.
Tragédias ambientais e aumento de mortes
Além de analisar o comportamento desses 35 sinais vitais da Terra, a equipe sintetizou tragédias ambientais recentes, como as inundações no Rio Grande do Sul em maio, que podem estar ligadas ao agravamento das mudanças climáticas. O estudo destaca que o número de mortes relacionadas ao calor nos Estados Unidos aumentou em 117% entre 1999 e 2023. As altas temperaturas também causaram mortalidade em massa de animais marinhos em todo o globo em 2022 e 2023.
O Futuro Ameaçado
As políticas climáticas atuais projetam um aquecimento de 2,7°C até 2100, e cada aumento adicional de 0,1°C pode expor cerca de 100 milhões de pessoas a temperaturas extremas.
Em 2022, cerca de 90% das emissões de gases poluentes vieram da queima de combustíveis fósseis, enquanto mudanças no uso da terra, como o desmatamento, foram responsáveis por aproximadamente 10%.
“Para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é urgente substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas e renováveis”, recomenda Cássio Cardoso Pereira, um dos autores do estudo.
No Brasil, as principais emissões provêm do desmatamento e da agropecuária, o que torna essencial focar na redução do desmatamento e na promoção de práticas agrícolas regenerativas.
COP-29 e O Caminho à Frente
O tema será debatido na 29ª Conferência das Partes (COP-29) sobre Mudança Climática das Nações Unidas, que ocorrerá em novembro de 2024 em Baku, no Azerbaijão. Pereira alerta que, sem mudanças significativas, será impossível manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C até 2050.
“Estamos nos aproximando dessa temperatura e podemos ultrapassar os 2°C em poucos anos, o que seria catastrófico para ecossistemas como a Amazônia”, explica.
Contudo, Pereira acredita que ainda há tempo para agir. “Se reduzirmos as emissões e investirmos na restauração dos ecossistemas, podemos alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050”, defende.
Ele pretende continuar investigando o papel da conservação e restauração da biodiversidade na mitigação das mudanças climáticas.
Fonte: Agência Bori
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