Projeto reúne 250 artesãs e faz do Ver-o-Peso uma galeria a céu aberto
Instalação reúne 250 artesãs e cria galeria a céu aberto no Ver-o-Peso
Belém (PA) – Belém puxou o fio da tradição e cobriu uma rua inteira de afeto. A Travessa Ocidental do Mercado Francisco Bolonha, no coração do Ver-o-Peso, amanheceu tomada por cores, texturas e histórias entrelaçadas. É a maior exposição de crochê a céu aberto do Norte do país: 70 metros de mosaico, costurado por 250 artesãs e artesãos que transformaram o cotidiano do mercado mais simbólico do Pará.
A intervenção, batizada de Rua de Crochê, reúne cerca de mil squares de 50 por 50 centímetros. Cada peça traz um gesto, um ritmo, uma memória. A iniciativa é do Movimento Ver-A-Arte, criado pelo Armarinho Ponto Cheio, com apoio da Prefeitura de Belém, do Sebrae Pará e da Círculo, referência nacional em fios.
Tradição que abraça o turismo
Instalada ao lado do mercado de carne — um dos cenários mais pulsantes da cidade — a Rua de Crochê amplia a experiência dos visitantes. Moradores e turistas agora atravessam não apenas uma via, mas um corredor tecido à mão, que exala pertencimento e orgulho. A exposição permanece até o fim do ano e, após a COP30, dará lugar a uma rua iluminada de Natal usando a mesma estrutura. Nada se perde: tudo vira ciclo, como as mãos que giram o fio.
Sustentabilidade e autonomia das artesãs
Mais de mil novelos da linha Cléa Duplo, de algodão 100% e produção sustentável, foram usados na confecção. O trabalho reforça autonomia econômica de mulheres que encontraram no crochê uma forma de renda e expressão. É arte que nasce do cotidiano e sustenta famílias. É tradição que segue firme, mesmo quando o tempo tenta correr mais rápido que as agulhas.
“O crochê é mais do que técnica, é afeto, é resistência. Ver essa rua se tornar uma galeria viva é reconhecer o talento das artesãs e mostrar ao mundo o que somos capazes de criar juntos”, afirma Patrícia Resque, idealizadora do projeto.
O ato coletivo como força cultural
A montagem aconteceu entre 10 e 14 de novembro, com presença das artesãs que fizeram cada peça. A cena virou ritual: gente ajeitando cores, alinhando formatos, rindo entre si — um retrato do que o trabalho manual sempre foi na Amazônia urbana. A expectativa é que a intervenção se transforme em tradição anual e entre no calendário cultural de Belém.
A força da Círculo no artesanato brasileiro
Parceira do projeto, a Círculo reforça a importância social do artesanato. Presente no mercado há 87 anos, a marca é a maior fabricante de fios para trabalhos manuais da América Latina e mantém mais de 700 produtos no catálogo, além de workshops e materiais gratuitos que formam artesãos em todo o Brasil.
Leia mais sobre a COP 30;
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