Manaus (AM) – O espetáculo “Peter Grimes” foi destaque no 25º Festival Amazonas de Ópera, apresentado na última sexta-feira (19/05), no Teatro Amazonas, em Manaus.
Com três atos e três horas de duração, a renomada obra internacional conquistou a atenção do público local, além de visitantes de diversos países, principalmente da América Latina.
Espectadores especializados de outros países estão na capital amazonense para a conferência da Ópera Latinoamérica (OLA).
O maestro Luiz Fernando Malheiro falou sobre a escolha de repetir a montagem nesta edição comemorativa do Festival Amazonas de Ópera, que completa 25 edições.
“Decidimos apresentar ‘Peter Grimes’ novamente devido ao seu sucesso no ano passado. Recebemos prêmios importantes com essa ópera e consideramos relevante repetir-la neste ano, especialmente durante a reunião da OLA, que trouxe pessoas de teatros de toda a América Latina e crítica de renome internacional. Foi uma oportunidade única de mostrar uma montagem bem-sucedida”, declarou Malheiro.
“O Teatro Amazonas é reconhecido internacionalmente e desperta grande interesse. A sua natureza viva, com orquestra, coro e balé, é de suma importância. Ao longo dos anos, conquistamos reconhecimento internacional pela qualidade do nosso trabalho, o que nos deixa muito respeitados. A realização da conferência da OLA em Manaus é um resultado desse prestígio que adquirimos ao longo dos anos”, concluiu Malheiro.
Visceral e atual, a solista Daniella Carvalho interpreta Ellen, uma das protagonistas da obra. Sua personagem representa a sensibilidade e a profundidade feminina diante da violência naturalizada entre as massas, intensificada durante o período em que Peter Grimes viveu.
“É uma grande honra estar presente no 25º Festival Amazonas de Ópera, o festival mais importante do Brasil e da América Latina, para nós, cantores brasileiros. Interpretar ‘Peter Grimes’ novamente é maravilhoso, pois é uma obra intensa, humana e muito significativa em muitos aspectos, tratando de questões relevantes até os dias de hoje, como saúde mental, inclusão, violência contra mulheres e crianças, além de respeito. Para mim e para todos, é uma experiência incrível ter ‘Peter Grimes’ de volta”, declarou a artista.
O público local também acompanhou atentamente a jornada de Peter Grimes. Foi o caso do médico geriatra Euler Ribeiro, presente na plateia, que identificou elementos comuns entre a obra e o povo amazônida.
“Esta é a primeira vez que assisto a ‘Peter Grimes’. As pessoas que já viram a obra fora daqui consideram que ela retrata a expectativa de vida, abordando questões sociais e mostrando pessoas menos privilegiadas em termos de comportamento social”, pontuou.
“Há todo tipo de pessoa na história: bandidos, prostitutas, alcoólatras e trabalhadores. Os trabalhadores dependem de forma direta dessas pessoas, já que a trama se desenrolou em uma cidade costeira, onde a maioria depende do mar para sua subsistência. Quando o mar fica agitado, eles enfrentam perdas, como um ajudante que estava sendo treinado para ser pescador e perde tudo o que tinha no barco, como redes e panelas para a pesca. Alguns deles continuam lutando contra a tempestade, esperando o fim da tormenta para recuperar o que foi perdido”, concluiu Euler Ribeiro.