Manaus (AM) – Um projeto de infraestrutura de escala internacional está forçando o Amazonas a recalcular sua estratégia logística. A construção da super-rodovia na Guiana, com um investimento que pode alcançar R$ 5,5 bilhões (cerca de US$ 1 bilhão), irá conectar a capital Georgetown à fronteira com Roraima, com integração a um porto de águas profundas em Palmyra, no Oceano Atlântico.
A nova rota de 500 quilômetros é capaz de redefinir o escoamento de mercadorias da Zona Franca de Manaus (ZFM).
O deputado Dr. George Lins (UPB), líder da federação União Progressista na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), classificou o projeto como “mais do que positivo”, mas alertou que o estado precisa se preparar para aproveitar a oportunidade. A rodovia é um corredor competitivo que pode reduzir o tempo de transporte de produtos do Polo Industrial de Manaus de 21 dias para apenas 48 horas.
O Fim dos 21 Dias: A Revolução Logística da ZFM
A Guiana, impulsionada pela exploração de imensas reservas de petróleo (as maiores per capita do mundo), está investindo na rota que hoje é conhecida como a estrada de terra “El Sendero”. A conclusão dessa obra, prevista com a inclusão de cerca de 50 pontes, garantirá que os produtos “Made in Amazonas” acessem os mercados dos Estados Unidos, Europa e África de forma ágil e econômica.
De acordo com o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), a redução do tempo logístico é o fator de maior impacto na competitividade da ZFM. A rota atual, majoritariamente fluvial, eleva os custos e prazos. A nova via terrestre liga Manaus ao Atlântico em tempo recorde, aliviando o alto custo da logística que, historicamente, penaliza o Polo Industrial. Esse salto na velocidade de escoamento significa maior competitividade, mais arrecadação de IPI e garantia de empregos no estado.
Dr. George Lins enfatizou que essa agilidade é crucial: “O Polo Industrial de Manaus, que hoje sofre com o alto custo da logística, terá uma rota ágil e econômica para escoar seus produtos.”
Impacto Regional e a Urgência da BR-174
A nova dinâmica logística vai além da capital. A Rodovia Guiana transforma os municípios do interior do Amazonas:
- Itacoatiara: Com seu porto estratégico no rio Amazonas, deve se consolidar como um polo de escoamento e distribuição de cargas que complementarão a nova rota.
- Presidente Figueiredo: Sendo o ponto de acesso pela BR-174, tende a atrair centros de apoio logístico, postos de serviços e hospedagem, gerando um incremento de emprego e renda à população local.
A Guiana, com um crescimento do PIB de 43,6% em 2024, representa um mercado vizinho com alto poder de consumo, ávido por produtos industrializados do Amazonas. Além disso, a estrada facilitará o turismo, abrindo uma nova rota para o Caribe e beneficiando o trade amazonense.
Preparação Logística do Estado
Apesar do entusiasmo, Dr. George Lins fez um alerta severo: a janela de oportunidades exige que o Amazonas faça sua parte.
- BR-174: A necessidade de investimentos contínuos na manutenção e pavimentação da BR-174 é crucial para garantir que o corredor Manaus-Roraima funcione com a mesma eficiência da rodovia guianense.
- Modernização de Portos: As estruturas portuárias (como em Itacoatiara) precisam ser modernizadas para lidar com o novo fluxo logístico multimodal.
- Qualificação Profissional: O estado deve investir na qualificação de mão de obra em comércio exterior, logística e serviços de transporte para atender à demanda que será gerada.
No entendimento do parlamentar, a super-rodovia não é apenas uma obra de infraestrutura, mas uma “ponte para o futuro econômico do Amazonas“, capaz de consolidar o estado e a ZFM como uma plataforma de soberania industrial e climática, conectando-o ao comércio global na rota mais rápida e competitiva.
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