MANAUS (AM) – A taxa de desemprego geral no Brasil ainda é muito alta, mas é o público jovem quem mais sofre com a escassez de oportunidades, sobretudo pela falta de experiência e qualificação. O país é o segundo na esfera da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a maior proporção de pessoas, entre 18 e 24 anos, que nem trabalham e nem estudam os chamados “nem-nem”. Nessa faixa etária, 36% dos brasileiros estão desempregados.
Os desafios ainda são muitos, mas a boa notícia é que, para os que buscam qualificação, as portas estão se abrindo mais. Estudo recente mostra que jovens com formação técnica têm mais chances de emprego formal e evolução de carreira.
Entre as empresas ouvidas na pesquisa ‘O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras’, 60% afirmam que ter um curso técnico é diferencial na hora de selecionar um jovem colaborador, e em 42% delas, os candidatos com formação técnica permanecem e evoluem de cargo. Outro dado interessante é que 61% têm algum gestor que entrou na empresa como um jovem com formação técnica de nível médio.
Cursando administração no Centro de Ensino Técnico (Centec), Rafaela Terço Galvão, de 24 anos, conta que a formação foi decisiva para o seu ingresso no mercado de trabalho, por meio de estágio.
“Estou há seis meses na empresa e entrei ainda estudando. Acredito que fazer um curso técnico é um excelente investimento, principalmente para quem está saindo do médio e não sabe bem qual profissão seguir, pois o técnico nos dá ampla visão do mercado”.
A estudante acrescenta que cada módulo do curso até aqui foi especial para sua capacitação. “Ajudou a melhorar minha proatividade e habilidades que eu nem sabia ter, como organizar tarefas e me expressar com o público”, afirma, ressaltando que a formação também irá ajudá-la a prestar concursos públicos com mais tranquilidade. “Quero fazer para sargento da Aeronáutica, e o técnico em administração será fundamental nesse processo”.
Competências técnicas e comportamentais
Mas se por um lado a formação técnica ajuda na hora da contratação, por outro, ela somente não basta para garantir a permanência no mercado ou sucesso na carreira. A pesquisa aponta que competências socioemocionais aquém do esperado também estão entre os fatores que dificultam a contratação de jovens.
Especialista em gestão empresarial e mestre em engenharia de produção, a diretora presidente do Centec, Eliana de Souza, avalia que “o mercado contrata pela competência técnica e demite pelo comportamento”. Diante desse cenário, cada vez mais real, as empresas têm aperfeiçoado o processo de contratação, e o candidato precisa estar apto tanto para as funções ligadas diretamente a profissão que irá exercer (hard skills) como também ao que se refere a aspectos comportamentais (soft skills) dessa rotina, como a capacidade de trabalhar em equipe, de adaptar-se a mudanças, ter foco em resultados e empatia.
“O mercado precisa de pessoas dispostas a trabalhar por um propósito maior, a construção de futuros e ambientes de trabalho melhores”, enfatiza a diretora, ressaltando que, durante a formação, os alunos devem investir no desenvolvimento das competências comportamentais para o trabalho, como autoconhecimento e autorresponsabilidade.
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