“Afinal, quanto mais afinada for esta aproximação entre academia e economia, quanto mais respostas forem dadas para diversificação, adensamento e interiorização do desenvolvimento industrial em nível agro, bio e nanotecnológico, mais pujante será a economia e, naturalmente, mais benefícios serão compartilhados com a academia e na direção da prosperidade social. É assim que funciona nos países industrializados”.
O Brasil tem seis produtos que ficam no topo do ranking ou em suas proximidades, a saber: suco de laranja, soja, carne bovina, frango, açúcar e café, segundo os dados do agronegócio. O governo federal, no entanto, está empenhado em retomar o processo de reindustrialização da economia e sua prioridade é a indústria de transformação.
Nada mais urgente, pois, do que promover a aproximação entre o agronegócio na perspectiva da agroindústria ou da bioindústria.
O exemplo da produção de carne de laboratório com alto grau de satisfação entre os consumidores é uma realidade com a qual devemos nos preocupar. Isso implica, a priori, em maior interação entre economia e academia. Aliás, foi essa aproximação que expandiu o agronegócio aos patamares atuais, sob a batuta da Embrapa.
Biotecnologia e Indústria
As empresas israelenses de alimento que criaram o filé bovino de laboratório também imprimiram pela primeira vez, filé de peixe numa numa impressora 3D, que já sai pronta para cozinhar, e que foi feita com células animais cultivadas em laboratório.
A necessidade de alimentos pressionada pela escassez de áreas de plantio, pra variar, explicou as novas invenções em Biotecnologia e Indústria. Soluções como esta, ou as pressões monetárias e tarifárias no mercado internacional, por exemplo, devem ligar o radar desmedido prazo. Recentemente, com a queda do dólar, ocorreu um excedente de oferta de proteína bovina no Centro-Oeste do Brasil. Essas oscilações conjunturais ou as mudanças estruturais não podem nos pegar de calças curtas.
Para onde queremos ir?
Por diversas razões, já não podemos pensar nas condicionantes circunstâncias e temporais dos mandatos de quatro ou oito anos do calendário eleitoral do Brasil. Uma delas diz respeito ao avanço tecnológico.
Quem poderia supor, há duas décadas, que smartphones decretariam a obsolescência de diversos produtos industriais feitos em Manaus, onde há restrições veladas para a diversificação Industrial?
É preciso enxergar mais na frente a transição que nos tem sido cobrada para justificar a manutenção da economia da Zona Franca de Manaus. Para onde queremos e podemos ir, como setor produtivo industrial da Amazônia?
Poder de mobilização
Essa é uma questão crucial que precisa ser enfrentada em conjunto, com todos os atores do setor produtivo preocupados com a totalidade dos interesses em jogo. De que nos adiantaria correr para consolidar saídas individuais se ali adiante todos os investimentos desconectados do conjunto vão padecer da transpiração coletiva para sua sobrevivência? Afinal, individualmente somos uma peça na engrenagem industrial desta economia de acertos e de extraordinária capacidade industrial instalada. Sem sua articulação e poder de mobilização da economia regional nada significamos.
Transição produtiva
E essa transição tecnológica e produtiva passa pela floresta, sua proteção e utilização inteligente, isto é, sustentável ambientalmente e equilibrada do ponto de vista socioeconômico. Temos que ter sabedoria para não deixar escapar esta saída que integra Ciência, Tecnologia e Inovação. Por isso temos que fortalecer a relação entre economia e academia.
Definidos os rumos da transição, precisamos compartilhar os dados com as universidades instituições de pesquisas locais e regionais, especialmente Universidade do Estado do Amazonas, buscando conhecer mais de perto sua estrutura e funcionamento, seus programas de pesquisa e desenvolvimento e suas potencialidades direcionadas para o atendimento das demandas em discussão.
Agro, bio e nano
Afinal, quanto mais afinada for esta aproximação entre academia e economia, quanto mais respostas foram dadas para diversificação, adensamento e interiorização do desenvolvimento industrial em nível agro, bio e nanotecnológico, mais pujante será a economia e, naturalmente, mais benefícios serão compartilhados com a academia e na direção da prosperidade social. É assim que funciona nos países industrializados. E com os quais precisamos formular parcerias produtivas em vários níveis, sem xenofobia nem ingenuidade, mas sempre de olho nos avanços que nos desafiam. A transição já começou e já não temos alternativas de retrocesso.
(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM e diretor da CNI.