O trágico acidente aéreo que ocorreu na última sexta-feira, 9 de agosto, no município de Vinhedo–SP, deixou 62 vítimas e levantou questões sobre as condições meteorológicas que contribuíram para a queda do avião. O voo, que partiu de Cascavel–PR com destino ao Aeroporto de Guarulhos–SP, caiu em Vinhedo, enfrentando nuvens a −40 °C e ventos superiores a 50 km/h.
Condições meteorológicas desafiadoras
O meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas, descreveu as condições meteorológicas enfrentadas pela aeronave como “caóticas”. Segundo Barbosa, a análise dos dados do voo e das imagens de satélites e radar revelou que o avião passou por uma zona crítica de clima adverso entre 13h10 e 13h19.
Durante esse período, a aeronave enfrentou nuvens supercongeladas com temperaturas de até -40ºC e uma formação de gelo que resultou em perda de sustentação. As imagens de satélite também mostraram nuvens do tipo Cirrocumulus, formadas por alta umidade e variações extremas de temperatura e pressão, além de ventos fortes com velocidades em torno de 53 km/h.
Impacto das condições meteorológicas na aeronave
A combinação de água supercongelada e condições meteorológicas severas pode ter contribuído para a formação de gelo nas asas do avião, resultando em perda de sustentação e turbulências severas. Essas condições adversas causaram uma significativa variação na velocidade da aeronave ao longo do trajeto, passando de 604 km/h para 63 km/h em poucos minutos, antes da queda.
Às 13h22, o avião estava a uma velocidade de 63 km/h e a uma altitude de 1.798 metros quando despencou mais de 4 mil metros em apenas um minuto. O impacto foi fatal e o avião não explodiu no céu, mas caiu de forma praticamente livre.
Investigações em Curso
Imagens da queda mostram a aeronave em um giro vertical, conhecido como “parafuso chato”, indicando uma possível perda de sustentação, também conhecida como “estol”.
O Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo confirmou que as vítimas faleceram devido a politraumatismo, e um incêndio ocorreu apenas após o impacto.
A Polícia Civil de São Paulo, através da Delegacia de Vinhedo, abriu um inquérito para investigar o acidente, em colaboração com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). A investigação visa esclarecer todos os fatores envolvidos na tragédia e melhorar a segurança aérea.
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