A médica Juliana Brasil Santos, responsável pelo atendimento de Benício Xavier Freitas, de 6 anos, no Hospital Santa Júlia, compareceu ao 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), no Centro de Manaus, na manhã desta sexta-feira (28), para prestar depoimento sobre a morte da criança. Segundo a família, o menino morreu após receber adrenalina por via intravenosa, procedimento que teria sido prescrito pela médica.
O delegado titular do 24º DIP, Marcelo Martins, afirmou que a técnica de enfermagem que participou do atendimento também foi intimada a depor. Segundo ele, já foram colhidos diversos depoimentos e documentos do hospital, permitindo à polícia esclarecer parte significativa do caso.
“Hoje queremos ouvir o lado das pessoas acusadas. Já temos várias versões, e agora vamos entender a perspectiva delas sobre o fato”, disse o delegado.
Delegado aponta indícios de homicídio doloso
Marcelo Martins afirmou que, até o momento, a investigação indica possível homicídio doloso qualificado por crueldade. Ele informou que já havia solicitado a prisão da médica, mas que um habeas corpus preventivo foi concedido pela Justiça, impedindo a detenção.
De acordo com o delegado, depoimentos sugerem dolo eventual, com base na alegação de que a médica teria demonstrado “indiferença” diante da gravidade do quadro da criança. Ele citou o depoimento de um pai que estava no local e afirmou que a profissional não teria atendido prontamente ao chamado da técnica de enfermagem quando Benício começou a piorar.
“Ela não demonstrou urgência. Essa postura, no meu entendimento, caracteriza indiferença à vida da vítima”, afirmou.
Hospital afasta médica e técnica
O Hospital Santa Júlia confirmou que a médica e a técnica de enfermagem foram afastadas de suas funções. A decisão foi tomada após a Comissão de Óbito e Segurança do Paciente concluir uma análise preliminar sobre o atendimento prestado no dia 23 de novembro de 2025, quando Benício deu entrada com tosse seca e suspeita de laringite.
A unidade informou que o afastamento será mantido enquanto o caso segue em investigação pelas autoridades externas. Em nota, o hospital declarou que todas as informações levantadas serão encaminhadas à família e aos órgãos competentes.
A instituição destacou compromisso com a transparência e afirmou reconhecer “a gravidade do caso e a dor da família”.
Evolução do quadro de Benício
A família afirma que o menino apresentava sintomas leves quando chegou ao hospital e que recebeu prescrição de três doses de adrenalina intravenosa, quantidade que consideram incompatível com o diagnóstico de laringite. Após a primeira aplicação, Benício relatou sentir que “o coração estava queimando” e entrou em piora súbita.
Ele foi levado à sala vermelha e depois à UTI, onde sofreu seis paradas cardíacas entre a noite de sábado e a madrugada de domingo. A última ocorreu por volta das 2h55, quando a morte foi confirmada.
Família pede justiça
Os pais registraram boletim de ocorrência e afirmam que a médica teria reconhecido falhas no atendimento. Eles alegam que a dosagem aplicada seria mais compatível com quadros graves, como infarto, e não com a suspeita de laringite.
A família afirma que lutará para que os responsáveis sejam punidos e que o caso não caia no esquecimento.
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