Parceria entre ministérios vai criar 17 unidades gratuitas no país, com foco em diminuir a sobrecarga doméstica e promover igualdade de tempo.
Brasília (DF) – O Governo Federal anunciou investimento de R$ 13 milhões na criação de 17 lavanderias públicas e comunitárias em todo o país. A ação, resultado de uma parceria entre o Ministério das Mulheres e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), tem o objetivo de reduzir a sobrecarga do trabalho doméstico que recai majoritariamente sobre as mulheres.
Segundo a Pnad Contínua 2022 (IBGE), as mulheres brasileiras dedicam em média 21,3 horas semanais aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas — quase o dobro da média masculina (11,7 horas). O projeto pretende devolver parte desse tempo às mulheres, permitindo que o usem para formação, lazer ou geração de renda.
Desigualdade de tempo na Amazônia
No Amazonas e na Região Norte, onde a infraestrutura doméstica é mais precária e o custo de energia é elevado, a desigualdade de tempo é ainda mais acentuada. O acesso a lavanderias comunitárias poderá aliviar a rotina de mulheres de baixa renda, especialmente nas periferias das capitais e nas cidades do interior.
Mulheres idosas
As idosas também estão entre o público prioritário. Dados da Pnad Contínua 2021 indicam que mulheres acima dos 80 anos ainda dedicam 17 horas semanais a cuidados domésticos, enquanto aquelas entre 60 e 69 anos chegam a 24 horas.
Modelo gratuito e comunitário
Os espaços serão gratuitos e abertos à comunidade, com máquinas industriais de lavagem e secagem, brinquedoteca, sala multiuso e área de convivência.
O modelo faz parte do Plano Nacional de Cuidados, criado pela Política Nacional de Cuidados (sancionada em dezembro de 2024), que orienta políticas públicas para quem cuida e para quem é cuidado.
Durante a lavagem das roupas, os usuários participam de oficinas formativas ou atividades culturais. Os equipamento, projetados para baixo consumo de água e energia, reduzem também os custos das famílias.
A primeira lavanderia, inaugurada em Caruaru (PE) em maio de 2025, estão aprovadas pela população local. Há outras quatro em fase de implantação em Petrópolis (RJ), Teresina (PI) e Parnaíba (PI).
O Governo ainda não detalhou os critérios de seleção dos próximos municípios, nem o modelo de gestão e manutenção, que poderá envolver prefeituras, associações comunitárias ou parcerias locais.
Nota de contexto:
A criação de lavanderias públicas faz parte de uma agenda nacional que busca valorizar o tempo como direito social e enfrentar desigualdades estruturais no cuidado doméstico. Na Amazônia, onde o trabalho reprodutivo é mais pesado e invisibilizado, a iniciativa pode representar um avanço concreto na autonomia feminina e no desenvolvimento social sustentável.
