Manaus (AM) – Tem coisa que nem precisa de pesquisa pra se perceber — mas quando ela vem, confirma o que todo manauara sente no osso, na buraqueira, na lama e na insegurança. Foi assim que o deputado estadual Delegado Péricles (PL) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) nesta terça-feira (15): com dados na mão e indignação na voz.
A gota d’água? Uma pesquisa recém-divulgada que mostra os maiores problemas enfrentados pelos moradores de Manaus. Infraestrutura lidera o ranking da insatisfação (21%), seguida por segurança pública (19%), buracos nas ruas (17%), saúde (15%) e saneamento básico (10%). Um retrato da capital, feito à base de asfalto podre e ausência de poder público municipal.
“Há bairros onde mães precisam carregar os filhos no colo pra não pisar na lama. Onde trabalhadores enfrentam buracos e escuridão pra chegar ao trabalho”, denunciou o parlamentar. “É inadmissível que isso aconteça numa cidade que arrecada bilhões em impostos.”
Péricles apontou com firmeza o que chama de “inoperância do Executivo Municipal”. Segundo ele, enquanto o Governo do Estado e até a própria Aleam vêm realizando investimentos pesados em segurança e infraestrutura, a Prefeitura de Manaus parece estar no modo avião.
E trouxe dados para respaldar: desde 2019, o Estado investiu mais de R$ 1,1 bilhão em segurança pública, o que ajudou a reduzir em 27% o número de homicídios na capital. Só de convênios estaduais para a Prefeitura, foram repassados R$ 850 milhões para obras de mobilidade, infraestrutura e saneamento. E a pergunta que ecoa das ruas para a tribuna é: cadê esses resultados?
“Uma rua escura é convite ao crime. Um bairro abandonado vira esconderijo para o tráfico”, alertou Péricles, ao associar o abandono urbano à escalada da violência.
Na mesma fala, ele ainda relembrou iniciativas do seu mandato, como a destinação de R$ 4,5 milhões para a criação do Centro Avançado de Prevenção ao Colo do Útero do Amazonas (Cepcolu), voltado à saúde das mulheres, além de emendas para outras ações de segurança e saúde.
O tom foi direto, mas o recado mais potente veio em forma de desabafo:
“O povo não quer favor, quer dignidade. Que essa tribuna seja, cada vez mais, um espaço de escuta do povo e de cobrança por mudanças reais. O manauara merece respeito. E é por ele que seguimos na luta.”
Por Gláucia Chair
(com base em discurso e dados reais)