A seca no Amazonas bateu um novo recorde nesta segunda-feira (23). De acordo a medição do Porto de Manaus, o rio Negro, que banha a capital, atingiu a cota de 12,89 metros. Nas últimas 24 horas, o rio desceu mais 10 centímetros.
É a primeira vez na história, desde que as medições hidrológicas foram instaladas em 1902, que o rio fica abaixo de 13 metros. Neste mês de outubro, o rio tem batido recordes consecutivos de estiagem.Com a intensidade da seca, até este domingo (22), às 14h, 59 dos 62 municípios do estado continuavam em situação de emergência, um em alerta, nenhum em atenção e dois em normalidade.
As informações são do sistema de monitoramento do Governo do Amazonas. Conforme o boletim, até o momento, o Amazonas tem 633 mil pessoas afetadas estiagem severa.
Maior seca da história
Em 24 de outubro de 2010, o nível do Rio Negro atingiu uma marca histórica de 13,63 metros, sendo identificada na época como a seca mais grave desde o início das medições hidrológicas no Rio Negro, em 1902. Treze anos depois, essa marca foi ultrapassada oito dias antes do previsto. Atualmente, os níveis da água estão diminuindo a uma média de 13 centímetros por dia, conforme informado pelo Porto de Manaus.
O Serviço Geológico do Brasil (CRPM) divulgou, no final de setembro, um relatório indicando que o auge da estiagem só deveria acontecer na segunda metade de outubro, o que terá um impacto ainda maior no cenário de calamidade da cidade.
Desde o final de setembro, a Prefeitura de Manaus decretou estado de emergência na cidade. Naquela ocasião, o Rio Negro estava ligeiramente acima de 16 metros, o que representa três metros a mais do que o nível atual. Desde então, a administração municipal afirmou estar implementando diversas iniciativas para prevenir o isolamento e a escassez de recursos nas áreas rurais e ribeirinhas da cidade. Entre as medidas anunciadas, incluem-se a perfuração de 30 poços artesianos e a distribuição de cestas básicas.
A severa seca que está afetando o Amazonas está relacionada, de acordo com especialistas, à combinação de dois fatores que impedem a formação de nuvens e precipitações: o El Niño, que envolve o aquecimento do oceano Pacífico, e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. O fenômeno do Atlântico Tropical Norte está ocorrendo simultaneamente ao El Niño, e a coincidência desses dois eventos é motivo de preocupação. Como explicou Renato Senna, meteorologista responsável pelo monitoramento da bacia amazônica no Inpa: “Vivemos uma situação semelhante entre 2009 e 2010, que foi a pior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos”.
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