Manaus (AM) — O Rio Negro, principal afluente de águas pretas da margem esquerda do Amazonas, apresentou uma vazante acelerada no segundo semestre de 2025, logo após uma cheia bastante intensa.
O fenômeno,segundo os especialistas, não é um evento isolado; trata-se de uma resposta direta à redução das chuvas na bacia, compatível com a influência do padrão La Niña no Pacífico Equatorial.
Aceleração Drástica Após Nível Crítico
Em julho, o nível do Rio Negro em Manaus atingiu 29,05 metros, superando a marca de inundação severa. Desde esse pico, o rio tem recuado muito acima da média histórica.
Dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB) confirmam a intensidade da vazante:
- Agosto registrou um recuo acumulado de 1,72 metro.
- Setembro viu uma queda de aproximadamente 3 metros, com uma média diária de 12 centímetros.
Apesar da vazante acelerada, em 26 de setembro o nível ainda estava em 23,41 metros, quase 10 metros acima do nível seco extremo registrado na mesma data em 2024 (13,93 metros).
Este volume residual evidencia a magnitude da cheia anterior e a sobrecarga que o sistema hídrico experimentou.
La Niña impulsiona a diminuição pluviométrica
A cheia extrema de 2025 resultou da intensificação das chuvas no primeiro semestre, impulsionada pelo aquecimento anômalo do Atlântico Tropical Norte (ATN). No segundo semestre, no entanto, a redução da precipitação, influenciada por La Niña, acelerou a vazante.
Embora La Niña aumente as chuvas na Amazônia durante o período de cheia, ela tende a diminuir a precipitação na porção central e leste da Amazônia durante a fase de vazante. A descida de 12 centímetros por dia em setembro reflete a resposta hidrológica da bacia à abrupta diminuição pluviométrica, evidenciando a extrema volatilidade do ciclo hidrológico amazônico.
Monitoramento contínuo
A mudança brusca da enchente histórica para uma vazante tão rápida exige atenção máxima. O Serviço Geológico do Brasil (SGB) deve manter um monitoramento rigoroso dos rios, cruzando os dados locais com as previsões climáticas mundiais.
As autoridades de Defesa Civil e órgãos ambientais precisam manter planos operacionais fortes para proteger imediatamente as comunidades ribeirinhas e os ecossistemas, mitigando os riscos trazidos por essa extrema volatilidade no ciclo das águas. Importante ainda monitorar a possibilidade de cheia em 2026.
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