Por: Cláudia do Valle
Manaus (AM) – Contando histórias do início do século 19, com seus inúmeros casarios e palacetes, frutos de um apogeu da borracha vivido na capital, o casarão Thiago de Mello é uma prova do empenho da Prefeitura de Manaus em reabilitar o centro histórico com o programa “Nosso Centro”.
Na reforma do casarão, as camadas do tempo antigo, do presente e da tecnologia estão presentes, na manutenção de peças, como madeiras e telhado, e elementos contemporâneos, de iluminação, sistemas de lógica e energia, sem esquecer da acessibilidade universal.
Camadas do tempo
Essa intrincada tarefa de trabalhar com as camadas do tempo resultou em um casario que teve a arquitetura original mantida, estimulando a preservação do patrimônio paisagístico e urbanístico de Manaus.
Seu futuro uso como lugar de exposição do acervo do poeta, jornalista e escritor Thiago de Mello, buscará reproduzir uma linha do tempo da sua vida e das suas paixões, entre elas a escrita e a cidade de Manaus, seu amor e memória, como escreveu em livro.
Entusiasta do centro histórico
O prefeito David Almeida é um entusiasta da prioridade da gestão de reabilitar o Centro Histórico de Manaus.
“São espaços públicos há muitos anos esquecidos e que voltarão a ser utilizados, como o antigo casario. Queremos promover a conexão das pessoas com a natureza e a cidade, com foco no desenvolvimento do turismo, lazer, esporte e, principalmente, na qualidade de vida da população”.
Com projeto arquitetônico desenvolvido pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o casario está nos últimos acabamentos para receber ocupação, após reforma na rua Bernardo Ramos, nº 66, Centro, com térreo e pavimento superior, que terão uma função de elo com a vida do poeta, reproduzindo, inclusive, cenas da sua vivência na casa construída em Barreirinha, sua terra natal na Amazônia.
O projeto vai dar ao espaço sala e salão de exposição, biblioteca, um café, um quarto Thiago de Mello, sala multiuso, área de administração, elevador e banheiros.
A exposição permanente com a obra, vida e história de Thiago de Mello tem parceria com o Instituto Thiago de Mello, tendo à frente a filha do escritor, a produtora Isabella Thiago de Mello.
Detalhes
Sucupira, louro-puxuri e cedro-doce. São madeiras que estão sendo usadas na obra do casario, dentro do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida em 2021, com projetos emblemáticos.
Datado de 1908 e classificado como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com decreto 7.176/2004, o casarão amarelo na Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas da capital, abrigou um depósito da firma Sinfrônio & Cia.
“No piso, temos uma composição de tábuas de sucupira e de louro-puxuri, que vão formando uma paginação, e abaixo dele há um tipo de contrapiso, que servia como uma espécie de forro, para proteger de ruídos e sons, dando mais conforto ao ambiente. A recomposição só é feita nos trechos onde a madeira está muito danificada, sem possibilidade de recuperação, devido à ação do tempo, de chuvas, umidade e do abandono”, explicou o marceneiro Márcio José Braga de Souza, 47 anos, que trabalhou na reforma.
Casarão Thiago de Mello
O casarão Thiago de Mello faz parte de um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos como o casarão de São Vicente, Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.
Nosso Centro
Como parte do programa “Nosso Centro”, compondo um quarteto das primeiras obras da intervenção, o Casarão se soma ao mirante Lúcia Almeida, ao largo de São Vicente e ao píer turístico, que prometem ser um caso de sucesso na regeneração urbana e reabilitação do centro da capital.
Texto e fotos – Claudia do Valle / Implurb
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