Uma equipe de pesquisadores internacionais, incluindo cientistas da USP, iniciou a perfuração de um poço de dois quilômetros de profundidade no Acre, com o objetivo de explorar o passado remoto da Amazônia. Esse poço funcionará como um “túnel do tempo” e fornecerá insights sobre a vida na região há 65 milhões de anos, logo após a extinção dos dinossauros. As informações são do Jornal da USP.
Projeto ambicioso busca compreender a formação e evolução da floresta amazônica
Com a participação de cerca de 60 pesquisadores de 12 países, sendo metade deles vinculados a instituições brasileiras, o projeto é considerado o mais amplo programa de pesquisa já realizado para estudar a origem e a evolução da Amazônia.
O objetivo é entender como a floresta se formou, como ela mudou ao longo do tempo e como poderá ser afetada por condições ambientais futuras.
O estudo utilizará amostras geológicas extraídas de poços de perfuração em duas localidades da Amazônia brasileira.
Perfuração científica revelará a história da Amazônia em camadas
Ao coletar amostras cilíndricas do subsolo da floresta, os cientistas terão acesso a evidências físicas, químicas e biológicas que permitirão reconstruir a história da Amazônia ao longo de milhões de anos.
As camadas de rocha e sedimento funcionam como um arquivo da evolução da região. Com o uso de uma coroa vazada, os pesquisadores preservarão a integridade das amostras, que serão analisadas em laboratório.
Parceria internacional e investimentos viabilizam o projeto pioneiro
O Projeto de Perfuração Transamazônica é uma iniciativa internacional em colaboração com diversas instituições, incluindo a USP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Com um custo estimado de aproximadamente US$ 4 milhões, a Fapesp contribuiu com um quarto desse valor, além de investir em bolsas de pesquisa e recursos para logística. A perfuração será realizada por uma empresa especializada, a Geosol.
Relevância científica e impacto para o futuro da Amazônia
A importância desse estudo reside na possibilidade de prever o futuro da Amazônia, considerando as condições ambientais e climáticas às quais ela foi exposta no passado.
As previsões climáticas indicam a possibilidade de eventos similares ocorrerem nas próximas décadas.
Para reconstruir essa história pré-histórica, os cientistas irão coletar milhares de amostras geológicas do subsolo da floresta, provenientes de dois locais distintos nas bordas leste e oeste da Amazônia brasileira.
Poços perfurados
O primeiro poço está sendo perfurado no município de Rodrigues Alves, às margens do Rio Juruá, no norte do Acre, e terá 2 mil metros de profundidade.
Em seguida, um segundo poço com 1.200 metros de profundidade também será perfurado na ilha fluvial do município de Bagre, no Pará, ao sul da Ilha do Marajó.
A previsão é que cada poço leve cerca de três meses para ser perfurado, com equipes trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana.
Essas amostras geológicas, chamadas de “testemunhos”, consistem em cilindros de até seis metros de comprimento, que contêm uma amostragem vertical das diferentes camadas de rocha e sedimento presentes no subsolo da floresta.
Cada camada desses testemunhos contém evidências físicas, químicas e biológicas que serão analisadas em laboratório, permitindo aos cientistas inferir como era o ambiente e a vida na Amazônia ao longo do tempo.
História geológica e climática da Amazônia
Segundo o professor André Sawakuchi, coordenador do projeto TADP e pesquisador da USP, o objetivo principal do projeto é reconstruir a história geológica e climática da Amazônia, desde o período do supercontinente Gondwana até os dias atuais.
“Queremos entender como a floresta amazônica se formou, como ela resistiu a mudanças ambientais drásticas ao longo dos milênios e como ela se adaptou às transformações climáticas.”
Através da análise das amostras geológicas, os cientistas poderão identificar diferentes períodos de mudanças climáticas, como a formação de rios e lagos, eventos de erosão, variações no nível do mar e alterações na composição da vegetação. Além disso, a datação precisa das camadas sedimentares permitirá uma melhor compreensão dos processos evolutivos que moldaram a Amazônia ao longo de milhões de anos.
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