Explorar as águas do Rio Amazonas, o maior rio do mundo, é um desafio que transcende fronteiras e impõe respeito. Em 2007, Martin Strel, nadador esloveno de maratonas aquáticas, aceitou o desafio, mergulhando na vastidão do rio. Em entrevista, logo após a empreitada, Strel compartilhou detalhes intrigantes sobre a jornada que durou mais de dois meses.
Motivação e preparação
Strel revelou que a jornada no Rio Amazonas surgiu da junção de sua paixão pela natação de longa distância e seu desejo de alertar para a importância da água limpa.
“A água é o meu segundo lar. Durante minha carreira de nadador de maratonista, eu descobri o quão importante é a água limpa para nossa vida.”
Antes de iniciar a jornada de 66 dias, Strel e sua equipe realizaram três viagens de reconhecimento, estudando minuciosamente o rio, suas correntezas e os desafios que enfrentariam.
Enfrentando a Selva líquida
A entrevista destacou os encontros extraordinários de Strel com a vida selvagem amazônica. Ele compartilha experiências de proximidade com piranhas, jacarés e onças, além da presença constante e intrigante dos botos, que ele acredita terem desempenhado um papel vital em sua segurança.
Strel descreveu o trecho temido na confluência dos rios Ucayali e Pachitea, onde incidentes recentes e a presença de animais acrescentaram complexidade ao desafio:
“O rio Amazonas não é um ambiente para um humano nadar.”
Ao mencionar os botos, Strel acrescenta: “
Eu acredito que foram os botos que me salvaram a vida e me permitiram terminar minha jornada. Eles me seguiram por todo o percurso, nadando bem perto todos os dias; e eu acredito muito que eles estavam lá para me proteger. Eu ouvia a conversa deles acima e abaixo d’água – extremamente impressionante.”
Sobre a ameaça dos piratas, em território brasileiro, Strel resumiu:
“Na sua parte baixa, sabíamos que piratas estavam por perto e provavelmente nos seguindo, já que éramos uma boa presa para atacar.”
Desafios físicos e mentais
Nadar por 5.268 quilômetros através de correntezas traiçoeiras, enfrentando toras flutuantes e permanecendo imerso nas águas turvas do Amazonas, exigiu uma resistência física e mental extraordinária. Strel falou sobre a técnica de temporariamente apenas nadar e esquecer seu entorno, superar os desafios e o medo e atingir sua meta.
“Eu acredito que as pessoas pegaram a mensagem. Espero ter inspirado outras pessoas em prosseguir com seus respectivos desafios e a pensarem sobre o meio ambiente.”
Doença, exaustão e recuperação
Ao refletir sobre o término da jornada, Strel admitiu estar debilitado nos últimos dias. Além do cansaço decorrente de dois meses de natação incessante, ele contraiu a esquistossomose, uma doença parasitária, e sofreu queimaduras solares no rosto.
“Eu demorei muito, muito tempo para me recuperar. Fisicamente eu estava bem depois de alguns meses, mas mentalmente eu ainda às vezes acordo no meio da noite e não consigo dormir por causa de tais lembranças e traumas.”
Impacto e Legado
O documentário “Big River Man”, vencedor do Prêmio de Melhor Cinematografia no Festival de Filmes de Sundance em 2009, capturou a essência dessa incrível jornada. Strel enfatiza que o sucesso da empreitada está refletido na inspiração que ela proporciona. Sua história, além da natação, destaca necessidade de preservar e proteger o ecossistema do Rio Amazonas.
Leia mais:
- Promessa da natação amazonense é convocada para Jogos Sul-Americanos
- Espaços esportivos revitalizados beneficiam mais de 240 mil pessoas em Manaus
- MPF pede suspensão do projeto de crédito de carbono no Amazonas
- PF identifica Braga Netto como líder estratégico de plano golpista ligado a Bolsonaro
- Mais de 2 milhões visitam parque Gigantes da Floresta em menos de cinco meses em Manaus
( * ) Portal Meu Amazonas com informações da Mongabay.com