Boi Garantido ecoa as vozes da floresta na abertura do 58º Festival de Parintins
PARINTINS (AM) – O Bumbódromo vibrou em vermelho e branco. Com o tema “O Ecoar das Vozes da Floresta”, o Boi Garantido abriu a primeira noite do 58º Festival de Parintins, nesta sexta-feira (27), resgatando a força mítica da Amazônia com um espetáculo que funde arte, fé e resistência popular.
A apresentação faz parte do projeto “Boi do Povo, Boi do Povão” e marca a busca do Garantido pelo seu 33º título. Na arena, o boi encarnado apresentou narrativas ancestrais da floresta, com destaque para a Lenda Amazônica “Tapyra’yawara” — que reconta o mito do peixe encantado que guia os destinos dos povos ribeirinhos — e o Ritual Indígena “Moyngo, A Iniciação Maragareum”, uma celebração de passagem inspirada nos rituais de povos originários do Alto Rio Negro.
“Estamos há mais de um ano trabalhando para esse momento. Cada item carrega uma preparação intensa e a expectativa da nossa galera. Queremos fazer história com um espetáculo grande, diferente, potente”, declarou Lucas Vasconcelos, 25 anos, coordenador de itens do Garantido.
Tradição que pulsa no povo
Entre os milhares que ocupam a arquibancada vermelha, está Delma Sicsú, 54 anos, parintinense, “perreché” desde criança. Ela nunca perde uma estreia do boi e define, com a voz embargada de emoção, o que é ser Garantido:
“É uma coisa que você sente, não explica. A gente vive isso o ano inteiro. E quando ele entra na arena, o coração vem junto.”
Essa conexão transgeracional é uma das marcas do festival, que desde 1965 celebra a cultura do boi-bumbá em Parintins, a 369 km de Manaus, reunindo lendas, rituais, cantos e danças que refletem a riqueza da identidade amazônica.
Espetáculo com apoio institucional
O 58º Festival de Parintins é promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, com apoio do Ministério da Cultura.
A noite de estreia reuniu milhares de visitantes na Ilha Tupinambarana e projetou para o Brasil um espetáculo visual e sonoro que enaltece a memória coletiva da Amazônia.
Neste sábado (28), o Garantido volta a encerrar a segunda noite do festival, mantendo viva a toada, a resistência e a mística que encantam o público há quase seis décadas.
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