Programação gratuita ocorre de 26 a 29 de novembro no Cineteatro Guarany e reúne filmes que discutem justiça ambiental, ancestralidade e os impactos da crise climática na Amazônia
Cinema, direitos humanos e Amazônia no centro do debate
Manaus (AM) – Manaus recebe, de 26 a 29 de novembro, a 15ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos, um dos eventos audiovisuais mais importantes do país sobre justiça social e educação em direitos. A edição deste ano coloca o foco na crise climática e na devastação dos territórios tradicionais — tema urgente para a Amazônia, que vive os efeitos mais profundos e acelerados das mudanças ambientais.
Com entrada gratuita, a programação acontece no Cineteatro Guarany, anexo ao Palácio Rio Negro, e apresenta filmes que tratam de ancestralidade, luta por território, memória, conflitos ambientais e modos de vida de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Grupos historicamente vulnerabilizados — e hoje na linha de frente da defesa do meio ambiente.
A mostra, promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), integra uma agenda nacional em 12 capitais, em sintonia com as discussões da COP30, realizada este mês em Belém.
Sueli Maxakali é homenageada da edição
A cineasta e liderança Tikmũ’ũn Sueli Maxakali, referência crescente do cinema indígena no Brasil, é a homenageada desta edição. O filme de abertura, exibido simultaneamente em todas as capitais participantes, será “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (2025).
A obra, codirigida por Isael Maxakali, Roberto Romero e Luisa Lanna, acompanha a busca da cineasta por seu pai, separado da família durante a ditadura militar. O longa circula por memória, trauma político e espiritualidade indígena — e já foi premiado nos festivais de Brasília, Cachoeira Doc e Mostra Ecofalante.
Filmes que atravessam território, ancestralidade e feridas ambientais
A curadoria, assinada por Beatriz Furtado (UFC) e Janaina de Paula, reúne 21 obras que iluminam diferentes faces da crise ambiental brasileira.
Entre os destaques está “Curupira e a Máquina do Destino”, de Janaína Wagner, que entrelaça mito e política ao colocar uma curupira frente-a-frente com o fantasma de Iracema, personagem símbolo do cinema amazônico. O filme revisita o rastro de destruição da chamada “Estrada Fantasma”, aberta durante a ditadura no Amazonas — um ferimento ainda aberto na memória regional.
A programação também traz:
• “Pau D’Arco”, de Ana Aranha — sobre violência no campo e luta por justiça no Pará.
• “SUKANDE KASÁKÁ | Terra Doente”, de Kamikia Kisedje e Fred Rahal — denúncia da contaminação de terras indígenas por agrotóxicos.
• “Amazônia sem Garimpo”, de Tiago Carvalho e Julia Bernstein — animação que mostra, de forma direta e acessível, os danos causados pelo garimpo ilegal na vida dos povos da floresta.
As sessões são organizadas em quatro eixos temáticos:
Terra / Nêgo Bispo
Resistência quilombola, violência no campo e enfrentamento a desastres ambientais.
Águas / Antônia Melo
Conflitos hídricos e histórias de comunidades pressionadas por empreendimentos que afetam rios e modos de vida.
Floresta / Raoni
Ameaças à Amazônia, disputas territoriais e imaginários indígenas.
Sessão Infantil
Produções para aproximar crianças de temas ambientais e da diversidade cultural.
Todos os filmes contam com Libras e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE).
Oficina forma agentes culturais para usar o cinema como ferramenta pedagógica
Além das exibições, a Mostra promoveu em Manaus a formação “Imagens do comum: cinema, educação e direitos humanos”, conduzida por Laísa Maida, pesquisadora de comunicação.
A oficina, realizada no IFAM, estimulou participantes — professores, agentes culturais e lideranças comunitárias — a usarem o audiovisual como instrumento de afirmação cultural, preservação de saberes tradicionais e fortalecimento da educação em direitos humanos.
A ideia é que os métodos ensinados possam ser replicados em escolas, centros culturais e territórios periféricos.
Um projeto histórico de educação em direitos humanos
Criada em 2006, a Mostra Cinema e Direitos Humanos é uma política pública consolidada. Ela utiliza o cinema como ponte para ampliar debates sobre desigualdades, democracia, diversidade e memória, alcançando públicos que muitas vezes não têm acesso a discussões sobre direitos humanos.
Neste ano, com a emergência climática no centro do debate global, a mostra reforça a importância de ouvir as vozes que protegemos pouco e exploramos demais: indígenas, quilombolas, ribeirinhos e comunidades tradicionais da Amazônia.
PROGRAMAÇÃO COMPLETA – MANAUS (26 a 29/11)
Dia 1 – 26/11 (quarta-feira) – Abertura (18h–21h)
• Solenidade + Coffee break
• “Yõg Ãtak: Meu Pai, Kaiowá” (90’) – 12 anos
Dia 2 – 27/11 (quinta-feira)
Sessão infantil 1 – 14h às 16h30 – Livre
• “Amazônia sem Garimpo”
• “No Início do Mundo”
• “Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa”
Sessão Nêgo Bispo (Terra) – 17h às 19h30 – 12 anos
• “Eu Sou Raiz”
• “Ainda Há Moradores Aqui”
• “Pau D’Arco”
Dia 3 – 28/11 (sexta-feira)
Sessão infantil 2 – 14h às 16h30 – Livre
• “Ga vī: A Voz do Barro”
• “Òsányìn: O Segredo das Folhas”
• “Do Colo da Terra”
Sessão Antônia Melo (Águas) – 17h às 19h30 – 10 anos
• “Kutala”
• “Rio de Mulheres”
• “Cerrado, Coração das Águas”
• “As Lavadeiras do Rio Acaraú Transformam a Embarcação em Nave de Condução”
• “Volta Grande”
• “Rua do Pescador, Nº 6”
Dia 4 – 29/11 (sábado)
Sessão Raoni (Floresta) – 14h30 às 16h30 – 14 anos
• “SUKANDE KASÁKÁ | Terra Doente”
• “Faísca”
• “Grão”
• “Curupira e a Máquina do Destino”
Encerramento – 17h30 às 19h30 – 12 anos
• “Sede de Rio”
SERVIÇO
15ª Mostra Cinema e Direitos Humanos – Manaus
📅 26 a 29 de novembro de 2025
📍 Cineteatro Guarany – Av. Sete de Setembro, 1546, Centro
🎟 Gratuito
🔎 Classificação indicativa: conforme sessão
Realização: MDHC + UFC
Instagram: @mcdh.oficial | @manausamazonia
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