Manaus (AM) – O número de afastamentos por saúde mental entre os profissionais da educação da rede pública municipal de Manaus mais que dobrou nos últimos cinco anos, em sinal de alerta sobre as condições de trabalho dos professores na capital.
Os dados, obtidos pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Estado do Amazonas (Sinteam) junto à Junta Médico-Pericial de Manaus, revelam uma escalada no adoecimento da categoria.
Afastamentos
Em 2019, foram registrados 1.005 afastamentos. Este número saltou para 2.372 casos em 2024, configurando um aumento de 136% no período.
A crise atinge diretamente o corpo docente: somente neste ano, 1.794 professores precisaram se afastar por razões ligadas à saúde mental, uma elevação de 89% em comparação aos 949 registros de 2019.
Os diagnósticos que mais afastam os educadores, de acordo com o Sinteam, são depressão, transtornos de ansiedade e transtornos depressivos recorrentes, indicando um quadro de esgotamento e sobrecarga crônica.
Condições de Trabalho
A presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues, afirma que este crescimento expressivo nos afastamentos por saúde mental em Manaus não é um evento isolado, mas o reflexo direto de condições de trabalho insustentáveis.
Segundo a sindicalista, o aumento evidencia que os trabalhadores da educação são empurrados ao limite de sua capacidade física e mental.
“Estamos diante de um quadro alarmante,” declarou Ana Cristina. “O aumento dos afastamentos mostra que os professores e demais trabalhadores da educação estão sendo levados ao limite. É urgente que a Prefeitura de Manaus adote políticas de valorização e cuidado com a saúde dos servidores, sob pena de comprometer não apenas a vida desses trabalhadores, mas também a qualidade da educação oferecida às nossas crianças.”
A sobrecarga de trabalho e a precarização das atividades acabaram apontadas pelo sindicato como vetores do adoecimento.
Ainda de acordo com o Sindicato, fatores como a existência de salas superlotadas, a falta de apoio escolar adequado, a sobrecarga de tarefas e a pressão constante por resultados com prazos curtos agravam o desgaste emocional dos profissionais. Além disso, o descumprimento do Horário de Trabalho Pedagógico (HTP) impede o planejamento necessário, inviabilizando a execução equilibrada das funções.
Dados Fortes Reforçam a Posição Contra a Reforma da Previdência (H2)
O cenário de esgotamento e os mais de 2.300 afastamentos por saúde mental em 2024, utilizados pelo Sinteam, revela um argumento contra a proposta de reforma da previdência municipal.
O projeto em discussão prevê o aumento do tempo de contribuição: cinco anos a mais para os homens e sete para as mulheres.
A diretoria do sindicato defende que a categoria não suporta o aumento da jornada de trabalho.
“Nossa categoria trabalha no limite. Não aguenta mais tempo em sala de aula,” asseverou Ana Cristina Rodrigues, destacando que a aposentadoria especial é uma conquista legal que reconhece a natureza desgastante do ofício. “Isso precisa ser levado em consideração.”
O Sinteam informou que requisitou os mesmos dados sobre a saúde dos educadores à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), mas ainda não obteve retorno.
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