Marcellus Campêlo
O ano de 2024 começou com boas notícias na área ambiental, pelo menos para a Amazônia, onde o esforço em conter o desmatamento, pelos órgãos federais e estaduais, vem dando resultado. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), com o levamento consolidado de 2023, apontam nessa direção, ao atestarem que o desmatamento caiu pela metade na região.
Os dados são da plataforma Deter, que mapeia evidências de alteração da cobertura florestal da Amazônia. O sistema fornece informações diárias e um compilado mensal, que dão suporte às ações de fiscalização ambiental no país.
O levantamento do acumulado de alertas de desmatamento feito pelo Deter indicou uma redução de 50% no ano passado, em relação a 2022, quando a Amazônia perdeu 10.278 km² de floresta. Nas unidades de conservação, a queda foi de quase 50% também e em terras indígenas chegou a 70%.
Alertas de desmatamento
Os alertas de desmatamento, em 2023, alcançaram uma área de 5.153 km², o que ainda é extremamente preocupante, porque o ideal, é claro, é que o problema não exista. Entretanto, a redução impactante aponta para o acerto da intensificação das ações de fiscalização e das estratégias adotadas, dentre elas, a restrição de acesso a crédito aos que desmatam ilegalmente.
Amazonas
No caso do Amazonas, a redução nos alertas foi de 65% e de 7,6% nos focos de calor, em comparação com 2022. Um resultado considerado satisfatório, levando-se em conta a forte estiagem de 2023, a maior em 121 anos, e os efeitos do fenômeno El Niño, provocando a intensificação da seca e a propagação de incêndios florestais, em especial na Região Metropolitana de Manaus.
As consequências só não foram mais devastadoras, porque o governador Wilson Lima colocou todos os órgãos do estado em alerta e atuando em sintonia para enfrentar a crise ambiental. O trabalho teve à frente a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), em sinergia com o governo federal, prefeituras e Forças Armadas.
Resultados
Para se ter uma ideia dos resultados alcançados, em 2022 foram 2.570,06 km² de área desmatada no estado, contra 894,62 km² em 2023. De janeiro a dezembro de 2022 foram detectados 21.217 focos de calor, contra 19.604 no ano passado.
Os alertas de desmatamento no estado, na sua grande maioria, ficaram concentrados em áreas federais – total de 650,14 km², representando 73% –, assim como dos focos de calor – 11.603 (59,19%). Nos vazios cartográficos ocorreram 156,06 km² de desmatamento e 4.889 focos de calor. Nas áreas do estado foram registrados alertas em 84,44 km² (9,49%) e 3.112 focos de calor (15,87%).
Para ser efetivo e manter os índices em redução, o combate ao desmatamento, como já está acontecendo, deve envolver governos federal e estaduais, prefeituras e a sociedade civil. Só assim será possível chegar a 2030, quando o Brasil será sede da COP, cumprindo o compromisso firmado de zerar o desmatamento, que hoje é a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no país.
Combatê-lo, portanto, é uma prioridade para que possamos enfrentar as mudanças climáticas e garantir, às próximas gerações, um futuro mais promissor.
Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de secretário da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE
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