Por Nelson Azevedo
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A lógica econômica da floresta em pé
Enquanto as commodities buscam novos mercados para escapar das turbulências globais, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revela um dado revelador: é mais rentável recuperar florestas do que derrubar mata para abrir pasto.
Esse número não é apenas simbólico — ele confirma, pela matemática e pela economia, que a floresta é o ativo mais lucrativo do século XXI.
O Amazonas compreende isso há décadas. Sua Zona Franca é o maior programa contínuo de conservação florestal do planeta, sustentado por empregos, arrecadação e inovação industrial.
O crédito de carbono como nova fronteira produtiva
A legalização dos mercados de carbono transformou a floresta em um ativo financeiro e ambiental.
O Polo Industrial de Manaus (PIM) preserva cerca de 97% da cobertura vegetal original do estado, funcionando como colateral ecológico da economia nacional.
Cada produto fabricado em Manaus representa, simbolicamente, um hectare de floresta mantido em pé.
Mas esse patrimônio — esse tesouro florestal diário — ainda não foi devidamente precificado.
O estado não cobra um centavo pelo serviço ambiental que presta ao planeta.
O desequilíbrio federativo da Amazônia
Enquanto o país inteiro se beneficia do equilíbrio climático garantido pela Amazônia, menos de 25% dos retornos fiscais da riqueza gerada na Zona Franca volta para o estado.
Apesar de ser um dos maiores contribuintes da Receita Federal, o Amazonas ainda abriga municípios com alguns dos piores índices de IDH do país.
O modelo fiscal da Zona Franca de Manaus (ZFM) não é uma renúncia tributária — é um investimento ambiental e social. Ele sustenta meio milhão de empregos diretos e indiretos, movimenta cadeias produtivas legalizadas e se consolida como exemplo mundial de compatibilização entre indústria e floresta.
A floresta como ativo macroeconômico
O novo cálculo econômico global não se baseia apenas em PIB ou exportações, mas em serviços ecossistêmicos, regulação climática, biodiversidade e captura de carbono.
Nessa nova métrica, o Amazonas é uma potência subprecificada.
A Zona Franca de Manaus funciona como um reflorestamento permanente, movido pela indústria sustentável.
É o motor capaz de financiar a bioeconomia, impulsionar a transição energética e tornar o Brasil referência mundial em neutralidade climática.
Precificar o tesouro
O grande desafio do Amazonas é atribuir valor econômico ao que já oferece ao planeta:
ar limpo, chuva, carbono capturado, rios voadores, equilíbrio térmico e biodiversidade.
Esse novo patrimônio verde precisa ser reconhecido como ativo de soberania e desenvolvimento.
Isso implica participação justa em fundos climáticos, créditos de carbono e parcerias internacionais de transição ecológica.
O Brasil industrial da floresta
A civilização predatória, enfim, percebeu que o planeta não suporta mais o custo da devastação.
A Amazônia, por sua vez, já oferece há décadas uma solução industrial, social e ambiental: a Zona Franca de Manaus.
Aqui, a floresta em pé é fábrica de equilíbrio climático, e cada emprego é um ato de reflorestamento econômico.
O que falta não é consciência — é justiça econômica para um modelo que sempre foi o verdadeiro seguro de vida do Brasil.
🖋️ Nelson Azevedo é economista, empresário e presidente do SIMMMEM (Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus), conselheiro do CIEAM e da CNI, e vice-presidente da FIEAM.
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