Muito antes de a megaoperação transformar os complexos do Alemão e da Penha em cenário de guerra, as noites nas comunidades eram marcadas pelos bailes do Comando Vermelho (CV). As festas, que movimentavam becos e vielas, iam além da música: funcionavam como vitrine do poder armado da facção.
Os eventos se estendiam madrugada adentro, atraindo moradores, simpatizantes e integrantes do tráfico. O funk ecoava entre as casas enquanto o cheiro de loló se misturava às luzes dos refletores e ao brilho dos fuzis exibidos abertamente por criminosos.
Vídeos obtidos pela coluna Na Mira, do site Metrópoles, mostram participantes dançando sob chuva, cercados por traficantes que empunhavam armas de guerra e simulavam disparos ao ritmo da música. Jovens apareciam entorpecidos, posando ao lado de armamento pesado em meio à multidão fascinada pela presença dos chefes do crime.
Esses bailes não eram simples celebrações. Serviam como demonstração pública de força, reforçando o domínio territorial do CV e intimidando rivais e forças policiais. O arsenal que circulava nas festas ficou evidente após a ofensiva: segundo a Polícia Civil, 91 fuzis foram retirados das mãos da facção — armamento estimado em R$ 5,4 milhões, com cada unidade avaliada em cerca de R$ 60 mil no mercado ilegal.
A chamada Operação Contenção mobilizou cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar para conter a expansão da facção. A ação tinha como meta cumprir aproximadamente 100 mandados de prisão, incluindo criminosos vindos de outros estados, como o Pará, enviados para reforçar o poder bélico da organização.
O balanço foi expressivo: mais de 120 mortos, 113 presos e 118 armas apreendidas. A operação escancarou a rotina violenta que se escondia atrás das noites de festa, revelando a verdadeira estrutura que sustentava os bailes — um mecanismo de ostentação, recrutamento e controle social imposto pelo tráfico. Entre os mortos estão nove criminosos do Amazonas.
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