BRASIL – O infectologista Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e a sanitarista Adele Benzaken foram condecorados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a Ordem Nacional do Mérito Científico.
Em novembro de 2021, os dois chegaram a ser agraciados com a honraria em decreto assinado pelo então presidente Jair Bolsonaro. No entanto, dois dias depois, ele editou um novo decreto cancelando a condecoração.
O governo Lula adotou, para a cerimônia desta quarta, um tom de “reparação histórica” no evento chamado de “A ciência voltou”. A estratégia governista é a de fazer um contraponto à gestão passada, que teve embates com pesquisadores e desvalorizou as universidades públicas.
O presidente Lula, em seu discurso, enalteceu o papel da Ciência e da Tecnologia, para o desenvolvimento econômico sustentável do País, e a importância dos pesquisadores nesse contexto.
“Retomamos a partir de hoje as reuniões do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, principal fórum de debate com a comunidade científica, e condecoramos algumas das mentes mais brilhantes desse país, porque estamos reunidos aqui para dizermos que chega de obscurantismo, basta de negacionismo, chega de jogar cientistas na fogueira ou aceitar que cientistas como Adele e Marcos tenham suas medalhas tomadas, ela pelo trabalho desenvolvido com homens trans e ele pelo estudo que mostrou a ineficiência da cloroquina”, citou o presidente.
Adele Benzaken, bastante emocionada, reafirmou seu compromisso com a Ciência e a pesquisa na Amazônia. Em seu pronunciamento, ela assegurou que seguirá acreditando na Ciência e que a reparação feita pelo presidente da República tem um significado muito especial.
“Nesta cerimônia, mais que encontrar com o prêmio que me tinha sido sonegado (diga-se aqui, como Chico Buarque, em situação assemelhada recente, sentí-me mais honrada ainda) é de reencontro que quero falar. Reencontro com o País plural que estava sendo destruído por políticas reacionárias e facistóides. Reencontro com o SUS pelo qual lutamos desde 1988, assim como com os valores constitucionais que o originaram. Reencontro com o Presidente Lula e todas as utopias que por vários anos ele nos ensinou a sonhar”, disse Adele.
Marcus Lacerda observou que nenhuma medalha ou homenagem no Mundo é entregue a um único indivíduo, nem a um único pesquisador. “As honrarias são entregues aos grupos de pesquisa e às instituições. É um prazer imenso receber hoje uma condecoração que vem pelas mãos do atual presidente da República, que reconhece o trabalho de todo o grupo de pesquisa que o Amazonas exerce junto à Fiocruz, que sempre foi o suporte dos piores momentos que todos vivemos nos últimos quatro anos”, afirmou.
Ex-presidente do Inpe
Lula também concedeu a medalha a Ricardo Magnus Osório Galvão, ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Doutor em física e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), Galvão é um dos cientistas mais respeitados do país e deixou o Inpe após divergir de Bolsonaro em relação aos dados que mostraram alta do desmatamento na Amazônia, medidos pelo instituto.
ABL homenageada
Lula também conferiu a Ordem Nacional do Mérito Científico à Academia Brasileira de Letras (ABL), fundada em 1897 com a intenção de cultivar a língua e a literatura nacional.
Grandes escritores ocuparam cadeiras na ABL, entre os quais, Machado de Assis, considerado um dos maiores autores em língua portuguesa.
Lista de homenageados
Além de Adele Benzaken, Marcus Vinicius de Lacerda, Ricardo Galvão e da ABL, a relação também tem:
- Luiz Pinguelli Rosa (in memoriam), professor emérito da UFRJ;
- Marco Americo Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional;
- Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, professor da Unicamp;
- Stevens Kastrup Rehen, professor da UFRJ;
- Marcelo Marcos Molares, professor da UFRJ;
- Renato Sérgio Balão Cordeiro, professor da Fundação Oswaldo Cruz;
- Maurício Lima Barreto, professor UFBA;
- Maria Teresa Fernandez Piedade, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; e
- Maria Stela Grossi Porto (in memoriam), professora emérita da UnB;
- Silvio Crestana; pesquisador da Embrapa;
- Carlos Alfredo Joly, professor aposentado da Unicamp;
- Isaac Rotiman, professor emérito da UnB;
- Academia Nacional de Medicina;
- Escola Politécnica da Universidade de São Paulo;
- Museu Paraense Emílio Goeldi.
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