Força-tarefa da Polícia Federal e Força Nacional atua entre Manicoré e Humaitá, no Amazonas, em uma das maiores ações repressivas contra crimes ambientais.
Forças de Segurança destroem 71 dragas em megaoperação contra garimpo ilegal no Rio Madeira
Manaus (AM) – Em uma das maiores ações repressivas contra o garimpo ilegal na Amazônia, uma força-tarefa da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Força Nacional, e outras instituições ambientais e trabalhistas, destruiu 71 dragas usadas na mineração clandestina no Rio Madeira.
A operação ocorreu na manhã desta segunda-feira (15/9), entre os municípios de Manicoré e Humaitá, no Amazonas. A coordenação da ação foi realizada pelo Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia).
“Estamos diante de uma operação de grande escala, com ações simultâneas em dois estados, voltadas a interromper a atividade garimpeira ilegal, que representa não só um crime ambiental, mas também social e econômico”, afirmou um delegado da PF durante coletiva no CCPI Amazônia.
Operações Boiúna e Kampô Ampliam Repressão à Mineração Ilegal
A ação faz parte da Operação Boiúna, iniciada em 2023 com foco no reforço da atuação policial na região amazônica. Em paralelo, a Operação Kampô, também coordenada pela PF, destruiu 16 dragas adicionais nos rios Jutaí, Bóia e Igarapé Preto, com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
As operações visam combater crimes ambientais como assoreamento e contaminação por mercúrio. Acabaram apreendidos motores, combustíveis, embarcações, equipamentos de comunicação via satélite e até animais silvestres ameaçados de extinção, devolvidos à natureza.
Trabalhadores em Situação Análoga à Escravidão são Foco de Fiscalização
Além da destruição de dragas, a operação contou com a presença de agentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT), que fiscalizaram as condições de trabalho nas balsas.
Situações semelhantes já haviam sido flagradas em março de 2025, na Operação Xapiri, quando 25 pessoas foram resgatadas, incluindo três menores de idade, no município de Borba (AM).
“Essas embarcações mantêm trabalhadores em condições degradantes, sem acesso a direitos básicos, higiene ou segurança. É um ciclo de exploração humano e ambiental”, declarou uma fiscal do MTE à Agência Brasil.
Histórico de Operações Contra o Garimpo Ilegal no Rio Madeira
As operações contra o garimpo ilegal têm se intensificado. Só em 2024, durante a Operação Poraquê, foram destruídas 72 dragas no Amazonas, com prejuízo estimado de R$ 126 milhões aos criminosos. Já na Operação Curaretinga IV, outras 29 dragas foram neutralizadas.
Segundo o Exército Brasileiro, esses números refletem uma escalada das ações conjuntas, com a participação das Forças Armadas, PF, Ibama, ICMBio, PRF e Ministério da Justiça.
Para mais informações, consulte a Nota à Imprensa do Comando Militar da Amazônia.
Consequências Legais para os Responsáveis
A legislação brasileira estabelece responsabilidade objetiva para quem causa danos ambientais. Conforme o artigo 14 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), os donos das dragas e financiadores do garimpo podem responder judicialmente independentemente de culpa. Eles estão sujeitos a multas ambientais, ações civis públicas, processos penais, indisponibilidade de bens e obrigação de reparação ambiental.
“O princípio do poluidor-pagador é claro: quem destrói, paga. E quem explora pessoas em condições degradantes, responde criminalmente também”, explicou a procuradora federal Renata Pires em nota à imprensa.
Reparação Ambiental na Bacia do Rio Madeira
As dragas destruídas despejavam rejeitos e mercúrio nos rios. A exposição contínua ao mercúrio pode causar danos neurológicos irreversíveis em populações indígenas e ribeirinhas, conforme o Ministério da Saúde. O plano de reparação ambiental envolve mapeamento de áreas degradadas, recuperação das margens dos rios e reflorestamento.
“Precisamos de décadas para reverter o que alguns meses de garimpo ilegal fazem”, alertou em 2024 a bióloga Ana Paula da Silva, do ICMBio, à TV Brasil.
Onde Ocorreu a Operação contra o Garimpo Ilegal
A destruição das dragas ocorreu entre Manicoré e Humaitá, no sul do Amazonas — uma região estratégica por ser de difícil acesso e com vastos trechos fluviais usados por garimpeiros ilegais.
Desafios e Próximos Passos
A Polícia Federal seguirá com novas etapas da operação Boiúna nas próximas semanas, enquanto os dados de Rondônia ainda estão sendo consolidados. As ações futuras devem incluir inteligência policial, rastreamento de financiadores e da logística das organizações criminosas por trás do garimpo ilegal.
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