A facção criminosa Comando Vermelho (CV) passou a cobrar mensalidades de garimpeiros que atuam ilegalmente na região de Alta Floresta, no Mato Grosso. O “informativo” do grupo circula por grupos de WhatsApp e exige cadastro e pagamento obrigatório para quem opera balsas e escarientes, usados na extração mineral em larga escala.
Facção envia ameaças e impõe regras
As mensagens obtidas pela Agência Brasil mostram que criminosos afirmam controlar “todos os trabalhos ilegais dentro do estado de Mato Grosso”. A cobrança deve ser paga entre os dias 1º e 8 de cada mês, com valores definidos conforme o tipo de equipamento utilizado.
Quem não paga sofre represálias
O CV ameaça roubar equipamentos, impedir o trabalho e até matar quem não obedecer. As mensagens citam que máquinas podem ser queimadas caso o garimpeiro insista em atuar sem pagar a taxa.
Estudo revela expansão das facções na Amazônia Legal
O alerta sobre o avanço do crime organizado foi reforçado nesta quarta-feira (19). Estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado durante a COP30 em Belém, mostra que facções já estão em 45% dos municípios da Amazônia Legal.
Em 2024, as organizações criminosas atuavam em 344 das 772 cidades da região — um crescimento de 32% em relação ao ano anterior.
Garimpo e narcotráfico impulsionam o avanço
Segundo a diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, as facções encontraram nos crimes ambientais uma nova fonte de renda:
“Esses grupos veem no garimpo e em outros crimes ambientais uma forma de ganhar e lavar dinheiro. Quando o narcotráfico se junta a isso, o problema muda de escala.”
Ela destaca a necessidade de políticas públicas que combinem segurança, cidadania e proteção ambiental.
CV e PCC dominam territórios estratégicos
O estudo identifica 17 facções ativas na Amazônia. O Comando Vermelho domina 202 municípios e disputa outros 84. O PCC atua diretamente em 90 cidades e disputa o controle em outras 59.
Rotas do tráfico
O CV mantém forte presença no rio Solimões e utiliza portos como Manaus, Santarém, Belém e Macapá para escoamento de drogas. Já o PCC se concentra em rotas aéreas clandestinas e na saída marítima pelo Suriname.
Violência aumenta em cidades da Amazônia Legal
A região registrou 8.047 mortes violentas em 2024 — taxa 31% maior que a média nacional.
O Amapá é o estado mais violento, com 45,1 assassinatos por 100 mil habitantes. Cidades estratégicas para o tráfico, como Vila Bela da Santíssima Trindade (MT), tiveram explosão de homicídios após a chegada do CV.
Mulheres também são alvo da violência
Em 2024, 586 mulheres foram assassinadas na Amazônia Legal. Mato Grosso lidera a taxa de letalidade feminina. Samira Bueno reforça a necessidade de políticas específicas para mulheres que vivem em regiões remotas e vulneráveis.
Realidade diversa exige soluções diferentes
O estudo aponta desafios para aplicar modelos de combate à violência doméstica em aldeias indígenas, áreas de fronteira e regiões sem estrutura estatal.
*Com informações da Agência Brasil
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