BRASÍLIA (DF) – Réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou e pediu orações durante discurso no plenário do Senado, nesta quinta-feira (17). A fala emocionada ocorre dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) sua condenação e a de outros sete investigados por ações contra a democracia após as eleições de 2022.
“Acredito em Deus. Peço orações a vocês”, disse Bolsonaro. “Falta quase nada para sermos a terra prometida do Ocidente. Alguns poucos nos atrapalham. Caso essa missão seja impossível, entrego nas mãos de Deus.”
O discurso aconteceu durante sessão solene e foi interpretado por aliados como um apelo público, em meio ao agravamento de sua situação jurídica.
Bolsonaro é réu por cinco crimes
A ação penal apresentada ao STF acusa sete dos oito réus, incluindo Bolsonaro, pelos seguintes crimes:
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Organização criminosa armada;
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Tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito;
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Golpe de Estado;
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Dano qualificado por violência e grave ameaça;
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Deterioração de patrimônio tombado.
Somadas, as penas podem ultrapassar 40 anos de prisão. O único que responde por menos crimes é o deputado Alexandre Ramagem, cuja análise completa ficará para após o fim do mandato.
PGR: golpe só não ocorreu por resistência das Forças Armadas
De acordo com o parecer do procurador-geral Paulo Gonet, o golpe não se consumou porque os comandos do Exército e da Aeronáutica resistiram às investidas. Segundo ele, houve “ataques virtuais a militares de alta patente” que rejeitaram aderir ao plano.
Gonet classifica Bolsonaro como líder da organização criminosa, por ter sido o principal articulador e beneficiário das ações que visavam romper com a ordem democrática. Ainda segundo o parecer, o plano envolveu apresentação direta de proposta golpista pelo então presidente da República e pelo ministro da Defesa.
Próximos passos no processo
Com a manifestação da PGR entregue, o tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso, terá agora 15 dias para apresentar suas alegações finais. Depois disso, o prazo será reaberto para os advogados dos outros réus, também com 15 dias para se manifestar.
O julgamento caberá à Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Flávio Dino.
Mesmo durante o recesso judicial de julho, os prazos seguem válidos porque um dos réus, general Braga Netto, está preso.
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