Manaus (AM)- Disputa interna no Partido Liberal (PL) causa agitação e tensões no cenário político do Amazonas. O deputado federal Alberto Neto denunciou o vice-presidente estadual do PL, coronel Alfredo Menezes, após esse ter chamado Neto de “Judas” devido ao seu voto contra a Reforma Tributária.
A denúncia resultou na abertura de um processo ético-disciplinar pela direção nacional do partido, que alega violação do Código de Ética do PL por parte de Menezes nas suas declarações feitas em veiculações nas redes sociais.
As divergências entre os dois membros do partido, Neto e Menezes, não se limitam apenas à questão do espaço político, mas também incluem diferenças de opiniões e acusações mútuas.
Coronel Menezes esclarece declarações
Em entrevista a um portal local esta semana, Coronel Menezes fez questão de esclarecer suas falas direcionadas ao colega de partido. Ele reiterou que é a única pessoa no Amazonas que não vem das “entranhas da velha política” e apontou que há um beneficiado com a divergência entre eles.
Menezes questionou quem está incomodando o sistema, sem necessariamente dizer quem é, mas defendeu seu direito de expressar sua opinião, ressaltando a importância da liberdade de expressão em uma democracia.
“Então não posso mais emitir minha opinião? Eu pergunto quem está incomodando o sistema? Não fui eu que disse que meu colega de partido traiu o Amazonas, mas um radialista local. Eu disse que ele foi Judas e reitero. Não volto atrás, mas a opinião é minha e expresso enquanto ainda temos liberdade de expressão”, salientou ao destacar que não está em rota de colisão com o colega do partido, mas divergindo de opiniões, algo natural na democracia.
Acusação de “Judas”
Alberto Neto denunciou Menezes por tê-lo chamado de “Judas” após o deputado votar contra a Reforma Tributária. A referência ocorreu durante a live semanal de Menezes no Instagram, realizada em 11 de julho.
A denúncia foi acatada pela direção nacional do PL, que comunicou a abertura do processo ético-disciplinar a Alberto Neto. Menezes, por sua vez, afirmou estar surpreso por não ter sido oficialmente comunicado pelo partido, mas manifestou tranquilidade diante da situação.
Voto contrário ao da bancada
Na ocasião do voto na Câmara Federal contra a Reforma Tributária, Alberto Neto explicou seu voto contrário, após repercussão negativa. Em nota, o parlamentar esclarece que seu voto não foi contra a Zona Franca de Manaus (ZFM) e sim devido à falta de segurança jurídica no texto apresentado pelo relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Neto afirma que, embora a proposta inclua medidas em benefício da economia amazonense, ela não apresenta consistência nem respaldo para garantir a efetivação dessas medidas. O parlarmentar amazonense defendeu o sistema tributário atual, destacando sua estabilidade e o diferencial competitivo da ZFM, porém não mencionou ter seguido o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Disputa política
Menezes destacou que o destino dos candidatos do PL para as eleições municipais de 2024 é do partido e afirmou que não há problema caso tenha que disputar o cargo de vereador. Ele afirmou ainda não ter recebido a denúncia formal de Alberto Neto até o momento, mas garantiu que, quando receber o documento, irá dar publicidade ao caso.
O militar ressaltou que não busca poder e que sua entrada na política, há três anos, foi a pedido do presidente Bolsonaro, com a intenção de fazer algo diferente dos outros políticos. Menezes provocou a reflexão sobre as divergências que ocorrem dentro dos partidos, comparando com a disputa interna do PT.
“Estou tranquilo. Não sou eu que tenho sede de poder. Não preciso disso como alguns necessitam. Entrei no ‘game’ há 3 anos a pedido do Bolsonaro e por acreditar que possamos fazer diferente de todos os outros políticos. As pessoas da direita precisam entender que divergências acontecem dentro do partido ou você acha que está a mil maravilhas a disputa dentro do PT”, frisou.
O militar acrescentou ainda que conversa com o colega sem problemas, mas cada um possui uma opinião. Segundo ele, o deputado Alberto Neto, ao ser convidado para participar da entrevista, democraticamente não quis. “É um direito dele”, disse.
O processo ético-disciplinar aberto contra Menezes, após a denúncia de Neto, evidencia as tensões existentes dentro do partido. Enquanto Menezes esclarece suas declarações e defende sua postura, aguarda-se o desdobramento do processo ético-disciplinar por parte do PL.
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