Com o aumento na procura por medicamentos para perda de peso, cresce também a preocupação com o uso de substâncias que, originalmente, não são destinadas ao emagrecimento.
No Dia Mundial da Obesidade e Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, celebrados em 11 de outubro, especialistas alertam que a automedicação com remédios indicados para tratar outros problemas, como diabete e doenças cardiovasculares, pode trazer sérios riscos à saúde, incluindo hipoglicemia, arritmia e até pancreatite aguda.
Segundo o Conselho Federal de Farmácia, 24% dos brasileiros já usaram substâncias para emagrecer, sendo que 6% recorrem a medicamentos alopáticos que, embora indicados para tratar sintomas de doenças específicas, são empregados de maneira inadequada para promover perda de peso.
Um exemplo é o Ozempic, desenvolvido para diabetes tipo 2, cuja busca online aumentou 307,6% no último ano, conforme a plataforma Semrush.
Efeitos adversos do uso inadequado de medicamentos
“O uso indiscriminado do Ozempic tem causado um grande impacto na saúde pública, porque, sem orientação profissional, ele pode ocasionar efeitos adversos significativos, como náuseas, vômitos, desidratação, diarreia e constipação. Em casos mais graves, cerca de uma a cada 100 pessoas pode desenvolver pancreatite aguda e cálculos de vesícula biliar”, alerta Jhonata Vasconcelos, supervisor farmacêutico da rede Santo Remédio.
Embora o Ozempic seja o mais conhecido, outros medicamentos vêm sendo utilizados de forma irregular devido a recomendações em vídeos que viralizam nas redes sociais, muitas vezes feitos por pessoas sem qualquer formação na área de saúde.
O farmacêutico explica que o risco está ligado à função do próprio medicamento. Aqueles originalmente destinados ao tratamento de diabetes agem reduzindo os níveis de açúcar no sangue. Em pessoas saudáveis, isso pode causar hipoglicemia, gerando confusão mental, palpitações e inflamação do pâncreas. Já medicamentos para problemas cardiovasculares podem provocar arritmias, alterar o metabolismo e sobrecarregar o coração, causando danos irreversíveis.
Opções seguras para o tratamento da obesidade
Vasconcelos ressalta que existem quatro medicamentos aprovados no Brasil para o tratamento da obesidade: Orlistate, Sibutramina, Contrave e Liraglutida. A indicação desses remédios é de um médico, geralmente endocrinologista, e somente em situações específicas.
“Esses medicamentos são indicados para casos de obesidade com Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 30kg/m² ou de sobrepeso com IMC superior a 27kg/m², quando associados a doenças como diabetes, colesterol alto ou pressão alta”, explica Vasconcelos.
Além disso, ele reforça que o processo de emagrecimento, especialmente em pessoas obesas, deve envolver uma equipe multiprofissional.
A perda de peso envolve mudanças na alimentação, no estilo de vida e, em alguns casos, no tratamento de complicações associadas à obesidade. Um tratamento seguro e eficaz deve incluir acompanhamento médico, nutricional e, se necessário, psicológico.
“Se você deseja emagrecer, o primeiro passo é procurar atendimento médico e visitar um endocrinologista. Nunca inicie um tratamento por conta própria, especialmente com medicamentos não prescritos por um profissional”, aconselha o farmacêutico.
Obesidade: um problema de saúde além da estética
A obesidade não é apenas uma questão estética; trata-se de um grave problema de saúde ligado a doenças como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e até câncer. O excesso de gordura corporal sobrecarrega os órgãos e aumenta o risco de doenças crônicas, além de impactar a saúde mental. O tratamento precoce é essencial para evitar complicações.
“Muitos pacientes se sentem tentados a usar medicamentos que prometem resultados rápidos, sem avaliar os riscos envolvidos. Por isso, campanhas como o Dia Mundial da Obesidade são fundamentais para conscientizar a população sobre a importância de buscar métodos seguros e acompanhamento profissional para alcançar a perda de peso de forma saudável e duradoura”, conclui Vasconcelos.
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