Brasília (DF) – O jornal francês Le Monde destaca em sua edição desta quarta-feira (14) a ameaça da epidemia de dengue no Brasil. O jornal ressalta um aumento significativo no número de casos nas últimas semanas, sobrecarregando os hospitais que enfrentam dificuldades para atender à demanda.
Desde o início do ano, o Ministério da Saúde registrou mais de 512 mil casos da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que causa dores e febre. Esse número representa um aumento quatro vezes maior em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As autoridades de saúde preveem uma onda de 4 milhões a 5 milhões de casos em 2024, uma cifra sem precedentes mesmo em um país acostumado a doenças tropicais, destaca o Le Monde.
Mortes por dengue
Até o momento, 75 pessoas morreram de dengue e outras 340 mortes suspeitas estão sendo investigadas. Mais da metade das cidades brasileiras foram afetadas e quatro estados declararam situação de urgência sanitária, incluindo Minas Gerais, Acre, Paraná e Brasília.
A venda de repelentes registrou um aumento de 400%.
O mosquito tigre, vetor de vírus como chikungunya, zika e dengue, tem encontrado condições ideais para proliferação devido ao calor e umidade, conforme aponta o virologista Edilson Luiz Durigon entrevistado pela reportagem do Le Monde. No entanto, ele critica a negligência das autoridades em implementar políticas de prevenção, considerando que o mosquito da dengue se reproduz em ambientes domésticos.
Para amenizar a pressão sobre os hospitais, o Exército inaugurou um hospital de campanha em Ceilândia, DF, no dia 5 de fevereiro, que em apenas três dias já havia atendido 3.500 pacientes.
Vacinação insuficiente
A campanha de vacinação iniciada em 2 de fevereiro conta com apenas 750.000 doses disponíveis, conforme relata o jornal. Devido à escassez, apenas crianças e adolescentes, considerados mais vulneráveis, serão vacinados pelo sistema público, enquanto o restante da população terá que recorrer às clínicas privadas, onde as duas doses podem custar até R$ 1.000, equivalente a 75% do salário mínimo do Brasil, destaca o diário francês.
O carnaval é apontado como um potencial vetor de contaminação, e o aumento das chuvas, nesta época do ano, ainda agrava mais a situação.
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