Por: Regina Célia Pereira, da Agência Einstein
Nos últimos anos, as redes sociais foram inundadas por promessas de dietas e produtos capazes de “desinflamar o corpo”. Apesar dos avanços da ciência, muitas dessas estratégias carecem de comprovação. Mas, afinal, o que é a inflamação e por que ela é tão comentada?
O Que é Inflamação Crônica? O Inimigo Silencioso
“Está cada vez mais estabelecido o papel da inflamação no desenvolvimento de doenças, sobretudo cardiovasculares”, aponta a endocrinologista Cláudia Schimidt, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Não se trata da inflamação aguda, que surge com uma infecção ou machucado. A grande preocupação é a inflamação crônica de baixo grau, uma condição subclínica e persistente.
“É uma condição em que o indivíduo fica anos e até décadas exposto a um estado inflamatório leve, porém constante”, observa Schimidt.
As Causas da Inflamação Crônica: Estilo de Vida é a Chave
Diferente de uma infecção pontual, a inflamação crônica é alimentada por nossos hábitos. Os principais fatores de risco são:
- Tabagismo e consumo excessivo de álcool
- Sedentarismo
- Exposição a poluentes
- Obesidade, especialmente pelo acúmulo de gordura visceral (abdominal).
- Dieta rica em alimentos ultraprocessados.
“O tecido adiposo visceral não é apenas um depósito de gordura, ele apresenta algumas funções endocrinológicas e imunes”, comenta a endocrinologista. Esse tecido libera substâncias pró-inflamatórias que podem levar à resistência à insulina e aterosclerose.
Dieta Anti-inflamatória Existe? A Verdade por Trás do Mito
A principal mensagem dos especialistas é clara: não existe uma “dieta anti-inflamatória” milagrosa.
“Não existe dieta anti-inflamatória, mas sim padrões alimentares que poderiam ajudar a reduzir a inflamação sistêmica”, aponta a Dra. Cláudia.
O foco, portanto, não está em ingredientes isolados, mas em um conjunto de hábitos. A Dieta Mediterrânea é um excelente exemplo, por priorizar:
- Hortaliças e frutas
- Grãos integrais e legumes
- Azeite de oliva
- Pescados e lácteos magros
Alimentos Vilões? Cuidado com os Exageros nas Redes
As redes sociais frequentemente classificam alimentos como “inflamatórios”, mas essas alegações carecem de evidências sólidas.
- Leite e glúten só devem ser restritos por pessoas com diagnóstico de intolerância ou alergia.
- Carboidratos são essenciais. Um estudo publicado no Current Developments in Nutrition mostrou que quem prioriza cereais integrais tende a ter menos marcadores de inflamação.
- O problema não é um alimento específico, mas o padrão alimentar como um todo.
O Papel do Intestino e dos Famosos “Superalimentos”
Cuidar da microbiota intestinal é crucial. O desequilíbrio (disbiose) pode permitir que substâncias inflamatórias vazem para a corrente sanguínea.
Para isso, é vital o consumo de fibras (encontradas em grãos integrais, frutas e verduras). Pesquisas, como as lideradas pela nutricionista Helen Hermana Hermsdorff, da UFV, também mostram benefícios em castanhas como a do Brasil e de caju, graças a nutrientes como o selênio.
E os “superalimentos”?
A cúrcuma, o gengibre, a chia e o mirtilo são benéficos? Sim, mas não de forma isolada. Eles contêm compostos anti-inflamatórios e devem fazer parte de uma alimentação balanceada e variada. Sozinhos, não fazem mágica.
A Estratégia Verdadeiramente Anti-inflamatória
A melhor estratégia para combater a inflamação crônica não está em um pote de suplemento ou em um alimento da moda. Está no estilo de vida:
- Alimentação variada e colorida, baseada em comida de verdade.
- Prática regular de atividade física.
- Controle do peso corporal.
- Sono de qualidade e gerenciamento do estresse.
Suplementos só devem ser usados com recomendação profissional. No fim, a chave é a consistência de hábitos saudáveis, e não soluções rápidas e enganosas.
Fonte: Agência Einstein
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