Por Bruno Pereira, da Agência Einstein
As pesquisas de cuidados em saúde têm avançado em ritmo acelerado e já apresentam resultados que, até pouco tempo atrás, pareciam ficção científica. De órgãos de animais adaptados para transplantes em humanos ao uso da inteligência artificial em todas as etapas da pesquisa médica, esses estudos estão entre os que mais impulsionam inovações capazes de salvar vidas.
Segundo o biólogo Helder Nakaya, pesquisador sênior do Hospital Israelita Albert Einstein e professor da Universidade de São Paulo (USP), a transformação é contínua.
“A área da saúde e da pesquisa biomédica é uma das mais impactadas pela inteligência artificial. A cada semana surge algo novo. Os avanços são grandes e rápidos”, afirma.
No campo da inteligência artificial, estudos recentes indicam que essas ferramentas tendem a se tornar indispensáveis no apoio a diagnósticos médicos, embora não substituam a atuação humana.
“Um diagnóstico envolve contexto, interação, sinais sutis e até aspectos sensoriais que não podem ser reduzidos apenas a dados estruturados”, observa Nakaya.
Ainda assim, ele destaca que a capacidade da IA de integrar informações de múltiplas origens abre espaço para novas pesquisas de cuidados em saúde, redefinindo a prática médica.
A seguir, veja quatro inovações apresentadas em pesquisas de 2025 que, segundo o pesquisador, apontam novos caminhos para a medicina.
Pesquisas de cuidados em saúde e o xenotransplante de rim de porco
A ciência busca alternativas para reduzir a fila de espera por transplantes. No Brasil, das 47 mil pessoas aguardando um órgão, 44 mil esperam por um rim, segundo o Sistema Nacional de Transplantes.
Nesse contexto, pesquisas de cuidados em saúde passaram a testar rins de porcos geneticamente modificados, com o objetivo de diminuir a rejeição e oferecer uma solução, ainda que temporária, a pacientes com falência renal.
Um estudo publicado em fevereiro na The New England Journal of Medicine , com participação de médicos brasileiros, mostrou avanços importantes na redução da rejeição. O resultado decorre do aprimoramento das técnicas de edição genômica e do maior entendimento da resposta imunológica humana.
“Hoje temos ferramentas muito mais potentes para identificar quais genes devem ser retirados ou inseridos nos porcos para que o transplante funcione”, explica Nakaya.
Pesquisas de cuidados em saúde e IA na criação de medicamentos
Outra investigação de destaque foi publicada em julho na revista Nature Medicine. Nela, um sistema de inteligência artificial identificou um alvo terapêutico para tratar a fibrose pulmonar idiopática e, em seguida, desenhou a molécula capaz de combatê-lo.
Segundo Nakaya, o estudo se destacou por dois motivos. “A IA escolheu uma proteína que ninguém havia considerado antes. Depois, outra IA desenhou a droga capaz de inibi-la”, detalha.
O ensaio clínico envolveu 71 pessoas ao longo de 30 meses e apresentou resultados positivos. Apesar disso, a pesquisa seguiu protocolos tradicionais, com supervisão humana em todas as etapas, reforçando o papel complementar da tecnologia.
Prognóstico tecnológico e decisões médicas
Outro avanço relevante nas pesquisas de cuidados em saúde envolve modelos de inteligência artificial capazes de prever a progressão de doenças a partir de grandes bases de dados.
Apresentado em setembro na Nature Medicine, o sistema funciona de forma semelhante a modelos generativos, mas utiliza eventos de saúde em vez de palavras. Diagnósticos, internações e condições clínicas formam sequências que permitem estimar riscos futuros.
“A partir do histórico de um paciente, o sistema projeta quais doenças podem surgir e em que horizonte de tempo”, explica Nakaya. A ferramenta auxilia médicos na antecipação de riscos e no planejamento preventivo, sempre dentro de limites éticos e técnicos.
Leitura de sinais cerebrais em pesquisas de cuidados em saúde
Uma pesquisa publicada na Science Advances analisou sinais cerebrais para gerar descrições de pensamentos a partir de padrões de ativação do cérebro.
O estudo mapeou regiões cerebrais associadas a objetos e ações específicas, permitindo prever conteúdos imaginados.
“Não se trata de ler pensamentos íntimos”, esclarece Nakaya. “É a tradução de sinais cerebrais em descrições, dentro de um conjunto conhecido de estímulos.”
Por que isso importa para o Amazonas
Os avanços das pesquisas de cuidados em saúde têm impacto direto sobre o Sistema Único de Saúde, a formação de profissionais e o acesso a diagnósticos e tratamentos no Amazonas. Tecnologias que aceleram diagnósticos, ampliam transplantes e antecipam doenças podem reduzir desigualdades regionais e salvar vidas em áreas onde o acesso à saúde ainda é limitado.
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