Manaus (AM) – Manaus foi a capital do Norte que mais investiu em saneamento básico entre 2019 e 2023, com um total de R$ 1,158 bilhão aplicados no setor, de acordo com o Ranking do Saneamento 2025, elaborado pelo Instituto Trata Brasil. Apesar do volume expressivo de recursos, a cidade ocupa a 87ª posição entre as 100 maiores cidades brasileiras, demonstrando que os desafios ainda são grandes.
Cobertura de esgoto ainda é baixa
Segundo dados compilados no relatório, apenas 28,5% da população de Manaus possui acesso à rede de esgoto, e cerca de 22,3% desse esgoto é tratado. Mesmo com os investimentos, a cidade ainda está entre os 20 piores municípios brasileiros no índice geral de saneamento básico.
A capital do Amazonas tem enfrentado dificuldades históricas no setor, agravadas pela expansão desordenada, alta densidade populacional e ausência de cobertura em áreas periféricas. Ainda assim, os avanços começam a aparecer.
Programa “Trata Bem Manaus” mira 2033
Para enfrentar esse cenário, a Prefeitura de Manaus lançou em 2024 o programa “Trata Bem Manaus”, com o objetivo de universalizar o serviço de coleta e tratamento de esgoto até 2033. O plano prevê a implantação de 2,7 milhões de metros de redes coletoras e a construção ou ampliação de 70 Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs).
A fiscalização é feita pela Ageman (Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus), que acompanha metas contratuais e qualidade dos serviços.
Perdas de água e cobertura de abastecimento
Manaus também é destaque na redução do índice de perdas de água, com melhoria significativa nos últimos cinco anos. Ainda assim, o desperdício médio é de 705 litros por ligação por dia, número considerado alto. Em contrapartida, a cidade já possui abastecimento de água potável próximo à universalização, segundo a prefeitura e dados da concessionária.
Tarifa social garante acesso para famílias vulneráveis
Duas iniciativas são mantidas para garantir acesso ao saneamento a quem mais precisa:
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Tarifa Manauara: desconto de 50% na conta de água para cerca de 107 mil famílias;
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Tarifa 10: cobrança fixa de R$ 10 mensais para 28 mil domicílios.
Essas políticas são auditáveis, supervisionadas por órgãos de controle como a Controladoria-Geral da União (CGU), e apresentaram boa adimplência, segundo dados municipais.
De olho na COP30: vitrine e responsabilidade
Manaus se prepara para apresentar seus projetos de saneamento na COP30, em Belém, em 2025. A cidade pretende mostrar ações como:
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Reaproveitamento de resíduos sólidos;
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Coleta seletiva e combate ao descarte irregular;
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Ecobarreiras nos igarapés;
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Uso da planta amazônica mureru na recuperação de lagoas;
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Retrofit do aterro controlado e projetos de drenagem urbana.
Grande parte desses projetos tem financiamento do FDIRS (Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Regional Sustentável) e apoio técnico do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional.
Desafios
Mesmo sendo a capital que mais investiu no Norte e a sexta no país em volume absoluto, Manaus ainda investe menos que o necessário por habitante. O valor ideal seria R$ 223,82 anuais por pessoa, mas a média atual é R$ 111, segundo o próprio relatório do Trata Brasil.
O desafio, portanto, não está apenas em investir — mas em garantir que os recursos virem obras, que as obras se traduzam em redes, e que essas redes cheguem onde nunca chegaram. A COP30 será uma vitrine, mas a realidade das ruas seguirá como o verdadeiro termômetro.
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