Região Amazônica registrou 9.400 casos em 2024, taxa três vezes maior que a média nacional e concentra o maior desafio logístico do país
Norte do Brasil Lidera Acidentes com Cobras no País, Diz MS
Em 2024, a Região Norte do Brasil registrou 9.400 acidentes envolvendo serpentes peçonhentas, um volume que a coloca na liderança nacional de vulnerabilidade. Esse número equivale a uma taxa de incidência de 50,35 por 100 mil habitantes, quase o triplo da média brasileira, que é de 14,86, conforme dados oficiais do Painel Epidemiológico do Ministério da Saúde (MS).
A situação mais grave ocorre em áreas rurais, com 75% dos casos, sendo que somente o Estado do Pará contou com 5 mil notificações de acidentes com cobras, o topo do País.
A condição, classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença tropical negligenciada, afeta principalmente a população em idade produtiva: 76% das vítimas são homens entre 20 e 49 anos, geralmente trabalhadores rurais e populações indígenas, que enfrentam maior exposição no campo e barreiras de acesso à saúde.
Jararaca: O Risco Imediato e o Fator Tempo Crítico
O maior responsável pelos acidentes na região amazônica é a jararaca (Bothrops atrox), que responde por mais de 90% dos registros. O veneno dessa serpente causa dor intensa, inchaço e pode levar rapidamente a complicações severas, como necrose do tecido e insuficiência renal, resultando em sequelas permanentes ou amputação.
O tratamento eficaz depende da aplicação imediata do soro antiveneno específico, produzido no Brasil pelo Instituto Butantan. A administração correta deve ocorrer em até dez horas após a picada. A rapidez do socorro define a diferença entre a vida e a morte, ou entre a cura e sequelas irreversíveis.
“O tempo de atendimento é decisivo: quando o socorro ocorre em até três horas, a letalidade é de 0,29%; se a demora ultrapassa 12 horas, sobe para 1,13%”, afirma Fan Hui Wen, diretora técnica de produção de soros do Instituto Butantan, destacando a importância da agilidade.
Contexto Amazônico: A Logística de Sobrevivência
Para o Amazonas, o cenário é agravado pela complexa logística da saúde.
O alto índice de acidentes com cobras na Região Norte impõe uma verdadeira corrida contra o tempo na distribuição do soro antiveneno. Nas comunidades ribeirinhas e áreas indígenas, onde os acidentes são mais comuns, o transporte da vítima por longas distâncias, muitas vezes por barco ou avião, até as unidades de saúde equipadas, é o maior gargalo.
O acesso a profissionais capacitados e à refrigeração adequada para o armazenamento do antiveneno é vital.
Por isso, a recomendação é enfática: a vítima deve ser transportada o mais rápido possível a um hospital. É fundamental evitar a aplicação de torniquetes ou a utilização de métodos caseiros, pois essas ações apenas atrasam o tratamento com o soro e elevam o risco de necrose e letalidade na região.
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