Por: Michele Valverde
A Luckin Coffee, rede de café com mais de 16 mil lojas na China, e principal importadora de café brasileiro no país asiático, assinou um Memorando de Entendimento com o governo brasileiro para a promoção do café nacional na rede. O documento prevê a compra de 120 mil toneladas de café em 2024, o que movimentará cerca de US$ 500 milhões.
Representantes da cadeia do café de Minas Gerais e do Brasil classificaram o acordo como um importante passo para a expansão dos negócios envolvendo o café brasileiro com a China.
Conforme os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a Luckin Coffee, por meio da parceria, se comprometeu a promover e comercializar ativamente o café brasileiro para seus clientes e parceiros.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, responsável pela assinatura do acordo, destacou o crescimento das exportações brasileiras de café para a China e a importância do acordo com a Luckin Coffee.
“Em 2022, o Brasil exportou US$ 80 milhões em café e no ano passado, foram US$ 280 milhões. O valor foi praticamente quatro vezes mais que no ano anterior. Agora, só neste contrato com a Luckin Coffee, estamos falando de meio milhão de dólares. Isso demonstra que o Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, está abrindo mercados”, disse o vice-presidente.
Cafés especiais
O acordo também é visto como uma importante iniciativa para ampliar os embarques do grão do Brasil para a China, sobretudo, dos cafés especiais. Conforme o diretor-executivo da Brazil Specialty Coffee Association (BSCA), Vinicius Estrela, o acordo inaugura uma nova fase na promoção do café brasileiro.
“Esse memorando de intenções demonstra a importância do café brasileiro para o crescimento do consumo do café na China. No ano passado, a China já consumiu um número recorde de café e importou do Brasil também um número recorde. A comunidade produtora no Brasil vem se empenhando para fornecer um café de qualidade para o mercado chinês”.
Ainda segundo Estrela, o acordo também é um marco para inserção do café especial no mercado chinês. Isso porque a qualidade foi identificada pela maior rede de cafeterias da China.
“A maior rede de cafeterias da China identifica no Brasil potencial de parceiro para a sustentação desse crescimento exponencial do produto na China. E o melhor, trazendo junto cafés especiais e também a origem Brasil em blends únicos e 100% da origem brasileira. Além, evidentemente, dos cafés de origem única e cafés especiais. Sem sombra de dúvida, esse acordo inaugura uma nova fase na promoção do café brasileiro e a inserção do café especial no mercado chinês”.
Acordo com empresa chinesa favorece Minas Gerais, maior produtor de café
Responsável por mais de 50% da produção nacional de cafés do Brasil, os produtores de Minas Gerais vão se beneficiar com o acordo entre o governo brasileiro e a Luckin Coffee. Nos últimos anos, os embarques mineiros para a China cresceram de forma substancial.
Conforme os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a China já ocupa a 6ª posição no ranking de compradores do café mineiro. No primeiro quadrimestre, as exportações de Minas para o país movimentaram US$ 87 milhões, com embarques de 422 mil sacas de 60 quilos. Representando, assim, uma alta de 168,4% no valor e 167,7% no volume.
As exportações do produto para a China passaram por aumento vertiginoso nos últimos 10 anos. Os dados mostram um aumento na ordem de 3.960% no valor movimentado, alcançando a cifra de quase US$ 251 milhões em 2023. O volume exportado no ano passado foi de 1,2 milhão de sacas, ante 32,2 mil sacas embarcadas 10 anos antes.
“As exportações mineiras de café para a China são muito importantes para que o País e o Estado, principalmente, tenham um grande mercado e que possam realmente agregar maiores preços ao café. Sabemos que a China vem, ao longo dos anos, aumentando vertiginosamente a participação na compra do café mineiro”, disse o subsecretário de Política e Economia Agropecuária, Caio César Coimbra.
Mais renda no campo
Ainda conforme Coimbra, a possibilidade de ampliar as negociações é importante para levar mais rentabilidade ao campo.
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* Com informações do Diário do Comércio