Em um cenário onde a audiência digital é a principal moeda, a publicação indiscriminada de releases é um tiro no pé. O leitor busca conteúdo relevante, aprofundado e com uma apuração jornalística de qualidade. Releases, por sua natureza, são genéricos, com linguagem promocional e focados no interesse do emissor, não do público.
Ao lotar o feed com notas de assessoria, os portais perdem a oportunidade de produzir pautas originais e exclusivas. O resultado direto é a perda de engajamento, a queda no tráfego e, por fim, a diminuição da receita publicitária. O que deveria ser um canal de mídia se transforma em um catálogo de notícias sem impacto, esvaziando o propósito do jornalismo.
Proposta de um novo modelo de negócio
A solução para essa crise passa pela união e por uma mudança de mentalidade. A sugestão é que os portais regionais se unam para formalizar uma nova forma de trabalho. Em vez de aceitar releases de forma gratuita, os veículos podem adotar um modelo que separa o conteúdo jornalístico do conteúdo comercial.
Isso significa que, para ter sua notícia publicada, a agência de assessoria ou o cliente podem ser cobrados por um publieditorial ou uma matéria patrocinada. Essa é uma prática comum em grandes portais do país, que garante que o conteúdo jornalístico mantenha sua integridade e relevância, enquanto o conteúdo comercial é tratado como tal.
Essa nova abordagem não só profissionaliza a relação com as agências, mas também valoriza o trabalho dos jornalistas, que investem tempo e conhecimento para produzir conteúdo de qualidade.
O momento exige uma reflexão: é hora de os portais deixarem de ser apenas canais de divulgação gratuita e se posicionarem como o que realmente são: empresas de comunicação que merecem ser valorizadas por seu trabalho.
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