Por: Sérgio Augusto
Uma grande parcela dos líderes religiosos que hoje sobem em trios elétricos na Av. Paulista, trajando verde e amarelo, invocando a Igreja e direcionando seus fiéis a votarem no político que irá combater o “comunismo”, também já estiveram do outro lado, apoiando os que supostamente iriam combater os “fascistas”. Portanto, trata-se dos dois lados da mesma moeda: ao analisarmos seus programas de governo, os candidatos apresentam perfiz políticos idênticos, abraçando o assistencialismo e trazendo propostas econômicas de verniz liberais.
Igrejas como palanques eleitorais
Esses mesmos dirigentes cristãos, de forma antiética e imoral, usam as igrejas como palanques eleitorais e utilizam as ofertas dos fiéis para bancar manifestações políticas. Cabe a advertência, pois manipular cristãos para votar em candidatos que melhor atendem a seus interesses pessoais, justificará o motivo pelo qual nem todo pastor entrará no Reino dos Céus, mas somente aquele que faz a vontade do Pai.
Não estou aqui para tecer críticas a nenhum político, muito menos elogios. Meu objetivo é encorajar a todos vocês, leitores, ao exercício de uma análise sobre o momento político pelo qual o país atravessa e desejo que vocês se tornem formadores de opinião, não sendo manipulados por aqueles que dizem profetizar em nome do Senhor, mas praticam apenas a iniquidade. Pior ainda: em um puro sofisma, violam o 5º mandamento – “não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”, pois atraem o eleitorado com uso excessivo do nome de Deus, promovendo-se como verdadeiro cristão e candidato que usará os ensinamentos da sã doutrina em suas ações políticas.
Crescimento da bancada evangélica: qual o benefício à sociedade?
Sabe-se que o crescimento da bancada evangélica é evidente. Pergunto: mas isso gerou algum benefício para a sociedade, ou melhor, para a vida do cristão? Claro que não, visto que o eleitor/cristão, atraído por seus pastores que impõe o político “ungido” como verdadeiro religioso e a melhor ou única opção válida, o voto útil no “menos pior”, não analisa as ações, atitudes e palavras do candidato. O que define um homem e mais ainda um político é o que ele faz, sua ação que o constitui, não suas promessas de campanha. Uma análise crítica, longe de paixões e idolatrias, percebe-se que muitos políticos se contradizem a respeito do que prometem em comparação à suas ações no governo.
Mas, antes que digam que o voto é obrigatório e que precisamos votar no menos pior, deve-se verificar se os políticos representam a sã doutrina, seguem o que é pregado pelo pastor da igreja e o descrito nas Escrituras. Deve-se, também, questionar se, em seu governo, combatem o aborto ou publicam Portaria no Ministério da Saúde abrindo as portas ao aborto legal? Se nos Ministérios há políticas públicas contra a ideologia de gênero, feminismo e combate às drogas? É cristalino que, no último governo, aquele que se dizia “terrivelmente evangélico”, foi literalmente terrível ao evangélico, uma vez que foram aprovadas 72 (setenta e duas) leis feministas, destruindo séculos de doutrina cristã.
Teologicamente falando, não que o Senhor seja partidário, mas é a intervenção Dele na política e nos governos que institui, destitui, levanta homens às vezes contra outros, para destruir aquele que está exercendo uma autoridade que é contrária aquilo que Deus quer.
São realmente cristãos ou utilizam esse argumento para subir ao púlpito?
É, no mínimo necessário, que se faça um exame de consciência sobre os políticos que a Igreja apoia e deixa subir ao púlpito. São realmente cristãos ou utilizam desse argumento para se manter no poder? Uma simples olhada nas redes sociais desses políticos demonstrará que não tem qualquer atitude ou compromisso com as doutrinas cristãs. Todos estão muito distantes do mérito das questões, vedações e advertências da Igreja contra o mal do liberalismo, progressismo e demais ideologias.
Então, fica a pergunta: qual seria a importância da política no Brasil? Para quem não é cristão, nada é mais importante que a política, pois o Estado está muito inflado, sendo o único gerenciador de riquezas e, portanto, sua vida gira em torno da política, principalmente a partidária.
Mas, para quem é cristão, a importância deve ser zero. O cristão, na política, deve seguir os ensinamentos do Apóstolo Paulo, na carta de 1 Timóteo 2: “ Antes de tudo, façam orações pelas autoridades e governantes”. Apoiar políticos não é errado ou anticristão, de fato deve-se contribuir com a política, mas principalmente orar pelos governantes. Porém, esquecem o que é pregado semanalmente nos cultos pelos pastores e ficam preocupados com política, esperando que os problemas do Brasil sejam resolvidos por políticos.
Profanação da igreja
O engano da Igreja é apoiar incondicionalmente e continuar insistindo em candidatos sem contestar elementos descarados ao oposto da sã doutrina. A sobreposição da politicagem está claro sobre a fé, em que governos promovem agendas anticristãs e a destruição da família e mesmo assim a Igreja concede o altar, lugar sagrado para aqueles fazerem campanhas sem que sejam questionadas ou criticadas suas ações contra as pautas cristãs, relativizando, assim, a fé, e, portanto, fazendo a profanação da Igreja.
Mesmo assim, os cristãos, por falta de conhecimento e deficiência de compreensão da realidade, são levados a escolherem um lado que lhes agradam e vão às ruas expressar seu apoio às pautas que supostamente o político irá defender quando eleito. Esses mesmos cidadãos, muitas vezes moradores dos mais longínquos rincões, então preocupados com a guerra em Israel, com seu político de estimação e com a política nacional, que moram em lugares miseráveis onde seus filhos estão assistindo ao tiktok e sendo aliciados por criminosos na internet, mesmo assim vivem em função da política.
O que temos de mais importante são as nossas famílias, criação de Deus, isto é, o que vale na vida. A solução dos problemas do país iniciará quando passarmos a gerir com dedicação o menor e mais importante núcleo social – a família.
Luta pelas famílias
A partir da mudança de postura dos pais dentro de casa, protegendo e com autoridade na família, é que os problemas começarão a serem dissipados. Fechem as portas de sua casa, façam com seus filhos a lição da escola, estimulem a leitura, na hora do almoço façam uma oração. É tempo de guerrear como no tempo de Neemias, em que lá está escrito: cada um de vocês lutem por suas famílias.
A Igreja de Cristo está relaxada e dormindo, ainda não entendeu que é tempo de orar, jejuar, não desanimar, levantar-se. Não é tempo de ser dominado pelo medo, mas dominado pela fé. Jesus foi o salvador de José no fosso, de Pedro na prisão, de Daniel na cova dos leões, de Ezequias quando estava para morrer e, portanto, será o salvador da situação pela qual está passando o Brasil.
Tempos escuros
Nunca a humanidade esteve em um momento tão escuro. É sentido o espírito do anticristo no ar, porque o que é certo é considerado errado pelo mundo, e o que é errado, o mundo aplaude como sendo o certo. Deixemos das obras das trevas e nos revistamo-nos das armas da luz – a oração, o jejum, o sangue e o nome de Jesus, somente essas têm o poder de mudar a realidade.
- Sérgio Augusto é Advogado especialista em direito Penal, Processo Penal e Eleitoral.
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