“No PIM, a implementação de soluções baseadas na logística reversa pode representar um salto de qualidade no desempenho ambiental da indústria local, reforçando seu compromisso com a floresta em pé e com o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.
Por Nelson Azevedo [email protected]
O Polo Industrial de Manaus (PIM) é um exemplo ímpar de desenvolvimento econômico que busca conciliar inovação e sustentabilidade em meio aos desafios ambientais da Amazônia. Entre os temas centrais dessa busca está a gestão de resíduos, que, à luz da economia circular e da legislação vigente, apresenta tanto desafios quanto oportunidades estratégicas.
Logística Reversa: o Teste da Sustentabilidade
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305/2010, trouxe a logística reversa como um dos instrumentos fundamentais para o gerenciamento responsável de resíduos. Essa legislação exige que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sejam responsáveis pelo ciclo de vida completo de seus produtos, incluindo a coleta, a destinação adequada e o reaproveitamento de resíduos.
Conscientização e Ação
No PIM, onde uma diversidade de setores, como eletroeletrônicos, metalurgia e químicos, atua em larga escala, o cumprimento dessa legislação é essencial. A logística reversa não só minimiza os impactos ambientais, mas também representa uma oportunidade de inovação e redução de custos ao transformar resíduos em matéria-prima. A prova dos nove da sustentabilidade como referencial fabril. No entanto, sua implementação enfrenta desafios logísticos, especialmente devido às grandes distâncias que separam Manaus dos principais mercados consumidores do país. Nada que um mutirão proativo de conscientização e ação não possa equacionar.
Economia Circular e Iniciativas Inspiradoras
A integração da logística reversa com a economia circular, como preconizada pela PNRS, já encontra bons exemplos fora da região amazônica. A Ambipar, por exemplo, investiu recentemente R$ 100 milhões em uma planta de reciclagem de alta tecnologia em São Paulo, focada na recuperação de materiais de produtos eletrônicos e eletrodomésticos. Modelos como esse podem ser replicados no PIM, aproveitando a diversidade de resíduos gerados localmente e seu significado de validação do programa de redução das desigualdades regionais e proteção ambiental denominado Zona Franca de Manaus.
Sistemas Integrados
No contexto de Manaus, é recomendável criar sistemas integrados que conectem empresas, recicladoras e cooperativas, maximizando a eficiência da logística reversa. Ações como essas podem ser impulsionadas por incentivos fiscais e parcerias público-privadas, alinhando interesses econômicos e ambientais. Uma operação ganha-ganha em larga escala com reverberação benfazeja.
Sob a batuta da Suframa
Para que o PIM se consolide como um modelo de economia circular, é indispensável que as regulamentações sejam acompanhadas de incentivos ou contrapartidas fiscais. À Suframa, em parceria com órgãos ambientais e empresariais, e na liderança e coordenação da ação federal na Amazônia, cabe a formulação de políticas específicas para fomentar a logística reversa no polo. E isso envolve:
1. Identificar linhas de financiamento para iniciativas de reciclagem e reaproveitamento de resíduos.
2. Estabelecer metas claras para o setor industrial, em conformidade com a PNRS.
3. Incentivar a adesão a certificações ambientais que atestem o cumprimento da logística reversa e outras práticas sustentáveis.
Oportunidades Econômicas e Ambientais
A logística reversa e a economia circular não são apenas obrigações legais, mas também grandes oportunidades de negócio. O reaproveitamento de resíduos pode reduzir custos de produção, criar novas cadeias de valor e gerar empregos. Além disso, empresas que adotam práticas sustentáveis têm maior aceitação em mercados globais e podem se beneficiar de programas de financiamento internacional voltados para a economia verde.
Prosperidade com Sustentabilidade
No PIM, a implementação de soluções baseadas na logística reversa pode representar um salto de qualidade no desempenho ambiental da indústria local, reforçando seu compromisso com a floresta em pé e com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Por si só, este fato está associado a um privilégio, muita responsabilidade coletiva e à possibilidade de transformar o PIM em sinônimo universal de prosperidade com sustentabilidade.
Empresas, Governo e Sociedade
O Polo Industrial de Manaus, portanto, tem o potencial de se tornar uma referência em economia circular e logística reversa, alinhando desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Para isso, é necessário que empresas, governo e sociedade trabalhem juntos, promovendo ações concretas e debatendo soluções que assegurem um futuro mais sustentável para a Amazônia.
(*) Nelson Azevedo é economista e líder empresarial no setor metalúrgico, metalomecânico e de materiais elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro do CIEAM, da CNI e vice-presidente da FIEAM.