Por Nelson Azevedo(*) [email protected]
“Certamente, as Comissões Setoriais do CIEAM, em linha com as instituições de pesquisa regionais e as estruturas de qualificação e treinamento de SESI e SENAI, historicamente encarregadas dessa tarefa, poderão avançar o desafio da diversificação na cadeia de suprimentos”.
Enquanto a Reforma Fiscal toma seu rumo de simplificação e racionalização do cipoal tributário, é nosso dever anotar ponto a ponto os desafios que temos enfrentado para o adensamento, diversificação e regionalização de nossa economia e progressiva independência de nosso programa de contrapartida fiscal para redução das desigualdades regionais do Brasil.
Vamos avançar para remover a escassez de insumos, notadamente os semicondutores que tem gerado paralisações em diversos setores industriais. Ainda temos empresas a implementar férias coletivas, sob ameaça da continuidade das operações. A vulnerabilidade a essa dependência de suprimentos destaca a urgência de abordar a questão para evitar um colapso com consequências desastrosas para a economia local e nacional.
Conferências empresariais
Recentemente, numa entrevista, a ABRACICLO, que representa as empresas do setor de duas rodas do Polo Industrial de Manaus, admitiu reprisar sua iniciativa da Conferência Empresarial, ocorrida em 2022, visando justamente atrair fornecedores de alto nível para diversificar a cadeia de suprimentos. Coincidentemente, a notícia de uma deflação na economia asiática levou a indústria Ocidental a acender o sinal amarelo da prontidão produtiva como ocorreu há três anos, no auge da pandemia. Naquela ocasião, fomos obrigados a revisitar a capacidade produtiva instalada no PIM e nos surpreendemos positivamente.
Capacidade de adaptação
Mas não foi apenas a quebra da cadeia global de suprimentos que expôs a fragilidade de nossa dependência ao ver interrompido o fluxo de insumos essenciais para várias indústrias. Naquele momento, superamos em tempo recorde a urgência de produção de equipamentos médicos e de proteção. Momento da adversidade também revelou a resiliência da região e a capacidade de adaptação diante de desafios imprevistos, impulsionando a busca por soluções alternativas. Esse desafio permanece e implica ampla janela de oportunidades para nossa inserção no sumário nacional da indústria brasileira.
Apoio da Suframa
O Polo Industrial de Manaus, com seu pool de talentos e expertise consolidada, precisa assumir, pois, a missão de diversificar suas cadeias produtivas, reduzir a dependência de fornecedores internacionais. Temos convicção do apoio da Suframa na agilização dos processos regulatórios, fundamentais para harmonizar as liberações das demandas dos investidores. A consolidação do polo de componentes é uma aspiração de longa data, não apenas para garantir a autonomia, mas também para atender a demanda do continente e dos fabricantes europeus.
Proteger plantas industriais
Enquanto conflitos internacionais ameaçam a estabilidade das cadeias de suprimentos globais, países ocidentais estão adotando medidas para proteger suas plantas industriais. Nesse contexto, a aproximação das plantas industriais da Zona Franca de Manaus com as demais regiões do Brasil ganha importância estratégica. A transparência e a comunicação eficaz entre os envolvidos são essenciais para impulsionar o adensamento da indústria no país.
Quais são as demandas?
Cabe, finalmente, ponderar a oportunidade e a viabilidade de oferecer aos demais segmentos, do próprio setor metalúrgico, metalomecânico e de materiais elétricos, além do eletroeletrônico, a adaptação da iniciativa da ABRACICLO, e organizar conferências setoriais e empresariais integradas, precedidas de levantamentos detalhados das demandas do Polo Industrial de Manaus. Certamente, as Comissões Setoriais do CIEAM, em linha com as instituições de pesquisa regionais e as estruturas de qualificação e treinamento de SESI e SENAI, historicamente encarregadas dessa tarefa, poderão avançar o desafio da diversificação na cadeia de suprimentos.
Reindustrialização do país
Organizar tais conferências visa não apenas atender as demandas prioritárias e estratégicas – de forma inteligente e coletiva para reduzir custos e tempo – mas também reafirmar a importância contínua da Zona Franca de Manaus para a economia brasileira. A Indústria brasileira agradece e, certamente, aplaudirá essa abordagem mais resiliente e independente em relação aos suprimentos asiáticos, beneficiando não apenas o polo industrial local, mas colaborar com os esforços nacionais de industrialização do país.
(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM, além de diretor da CNI.
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