Por: Sérgio Augusto
Durante toda a história da humanidade, apenas três componentes sobreviveram após a derrocada de uma nação: a língua, a religião e a alta cultura, as quais são consideradas valores universais.
Posteriormente, com o surgimento de outros países durante o decorrer da História, estes alicerçaram suas capacidades intelectuais naqueles três domínios e, por consequência, conheceram um certo desenvolvimento econômico, político e social.
Antigamente, para ascenderem politicamente, os países investiram primeiramente na formação intelectual dos seus cidadãos. Pode-se citar, como exemplo, a França – a qual foi o centro cultural da Europa antes do apogeu dos grandes reinados; a Inglaterra – onde surgiram grandes eruditos da Igreja para então se apoderarem dos sete mares; a Alemanha – centro intelectual do mundo com Kant e Hengel antes mesmo de constituir-se uma nação. Todos esses países entraram para a História Mundial, possuindo poder, sucesso e riquezas e força intelectual equiparável a poder material conquistado.
Indolência intelectual
Por outro lado, escolher o imediato e o material acima de tudo, assim como imputar aos governos passados e os governos presentes os constantes fracassos de uma nação, demonstram a indolência intelectual da sociedade e consolida que “escolhas fazem o destino”.
A verdade é que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro; a prosperidade, depois. A História comprova essa asserção.
No mundo contemporâneo, o desprezo pelo conhecimento realçou o surgimento de uma sociedade progressista, relativista, liberalista e sem valores morais, na qual a vida intelectual é forjada pelo Big Brother Brasil e sedimentada nas redes sociais pelos “coachings”, os novos eruditos que a cada “trend” aproveitam a oportunidade para vender seus cursos de formação intelectual com ênfase em literatura, filosofia, teologia e arte, por exemplo.
Entretanto, essa hegemonia cultural dominante ignora o mais importante em se tratando de matéria de “formação intelectual”: a formação moral. Sem ela, de nada adianta ser fluente em latim, grego ou hebraico, frequentar a Igreja ou ter lido Homero e Camões ou se empanturrar de obras com valores.
Essa cultura atávica se perdeu entre as gerações e os costumes morais, civis e sociais foram deteriorados ao longo do tempo. Não há uma formação intelectual sem a formação moral que fará a sociedade retornar aos trilhos da prosperidade.
Seguindo os passos de Deus
A princípio, seguir os passos de Deus é o mais importante. Reatar os relacionamentos pessoais como pedir “por favor”, dizer “com licença” ou “muito obrigado” são os passos iniciais que resgatará nossa identidade civilizatória.
Nesse diapasão, aflorar na sociedade o sentimento de moral, norteando o cotidiano de suas ações e julgamentos sobre o que é certo ou errado, bom ou mau, fundamentará a construção de uma nova formação intelectual. É um processo difícil, demorado, mas não impossível.
A politização e idiotização sistemática que a sociedade atravessa, na qual credita-se a solução dos problemas à eleição do político “menos pior”, apenas confirma que esta sociedade permanece espiritualmente rasa e nunca será inteligente o bastante para acumular uma formação cultural necessária à solução das demandas que a afligem.
Se não deixarmos de lado as demagogias, ideologias e idolatrias políticas, continuaremos a rumar ao apocalipse, com uma sociedade repleta de cidadãos com “formação intelectual”, “poliglotas”, citando os clássicos grego, porém sem formação moral, redundando em canalhas cultos ou imorais intelectuais e jamais reencontrando os valores universais que verdadeiramente mudarão o imaginário de nosso país.
Leia mais:
Bullying”: criminalização ou conscientização?
Medidas para oxigenar o Supremo Tribunal Federal
A Importância da Autoestima para uma vida feliz