O reestabelecimento da democracia brasileira fez surgir um grande movimento exigindo eleições diretas no Brasil, culminado com Tancredo Neves eleito presidente, o qual faleceu antes da sua posse, tornando o seu vice-presidente o novo presidente da República do Brasil.
A partir das eleições gerais de 1994, o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) protagonizaram as disputas eleitorais para o cargo de presidente, aparentando serem ferrenhos adversários, ou melhor, antagonistas em suas ideologias políticas: um considerado a via esquerda; o outro, a direita brasileira.
A verdade é que nunca houve oposição entre o PT de Lula e o PSDB de FHC, Serra e Alckmin (atual vice-presidente de Lula).
Tais políticos apenas aplicaram a estratégia política do “teatro das tesouras”, na qual na frente dos eleitores predomina aparente oposição, mas nos bastidores os interesses e projetos comuns do establishiment detém verdadeiramente o poder do sistema político.
Em síntese, partidos e políticos progressistas-liberais criaram a tradicional oposição direita e esquerda, dividindo a opinião pública que é picotada entre duas lâminas, simulando uma competição democrática, vendendo como oposição, mas na verdade são duas faces da mesma moeda.
Jogo Eleitoral
Dessa maneira, nota-se que não existe mais política no sentido aristotélico clássico.
A política passou a ser apenas um jogo eleitoral de perde e ganha, com a contínua campanha eleitoral por meio das redes sociais para controle de seus eleitores, através de seus “cercadinhos”, mantendo o poder nas mãos do sistema, criando militâncias ideológicas que cultuem a personalidade de seus ídolos políticos, ao tempo que essa mesma massa conectada protege a figura central do poder.
Essa polarização se acirrou nas eleições de 2014 e foi potencializada em 2018 com surgimento do candidato Jair Messias Bolsonaro, o qual passou a ser tratado como “mito” por disseminar que a esquerda é o mal e a direta a alternativa para se livrar desse mal.
Infelizmente, muitos ainda acreditam neste “mito”, porém a verdade é que a esquerda e a direita são o próprio mal. Mesmo assim, alguns quando na melhor das hipóteses reconhecem o mal da direita, votam em tal segmento ideológico com a desculpa de ser o “mal menor”.
Bolsonaro
Com a chegada ao poder de Bolsonaro, a direita ideológica almejava novos ares para política nacional, especialmente aniquilando o petismo de Lula. Ledo engano: em meados de 2020, começa a cair a máscara da nova versão do teatro das tesouras entre Lula e seu “opositor”, Bolsonaro. Este, jogando o disfarce de quem o elegeu, ou seja, deixando de lado as pautas conservadoras, aliou-se ao “centrão” e, durante seu governo, todo um solo progressista liberal foi fertilizado com assistencialismo, feminismo, aceleração de toda agenda ambiental e racial, enquanto no “cercadinho”, para seus eleitores, despejava bravatas, apascentando os anseios da direita ideológica que o via como grande líder e “salvador” da Pátria.
Na verdade, Bolsonaro atuou consciente e com propósito claro de manter-se no poder, sustentando a direita com tolices como guerra cultural, comunismo e hipocrisia da esquerda, enquanto nos bastidores, ele e seus aliados, como Valdemar Costa Neto, Roberto Jeferson e todo o “centrão” reformulavam a política brasileira.
Políticos da Direita com participação ativa em crimes
Como os eleitores da direita puderam esquecer ou fingir esquecimento da participação ativa desses políticos nos crimes desmantelados pelas operações do “Mensalão”, “Petrolão” e “Lava Jato”? E o pior: tais personas serem tidas como conservadores, defensores da moral, da pátria, da família e da Igreja. Para tanto, não esperavam ser derrotados pela força do sistema que eles mesmo nutriram com a criação das emendas de relator e do orçamento secreto, ressurgindo, então, o terceiro mandato de Lula.
O novo pacto político é consolidar governos progressistas liberais, em que candidatos irão investir em seduzir eleitores evangélicos, criticar o identitarismo e serão moldados a discorrer sobre obras públicas, transporte público, mobilidade urbana, tarifa social e uma pitada de segurança pública, deixando a discussão de pautas ideológicas para a militância, que continuará a ser alimentada em seus “cercadinhos”.
As Escrituras nos alerta: “Porque os falsos Messias falam sua mentira com tanta propriedade e convicção que sua ficção se torna verdade.” (Mt 24:24)
E assim como Bolsonaro não teve piedade de rifar os valores de seus eleitores em troca de ganhos pessoais e políticos, da mesma forma Lula trata de extirpar de seu lado os seus elementos ideológicos como: MST, prerrogativas, movimentos sindicais, ambientalistas marinistas e nem por tudo isso será chamado de “golpista.”
Portanto, os falsos políticos continuam atraindo multidões por meio de manipulação ideológica, vendem a imagem do líder que irá salvar o Brasil.
No entanto, o dia em que o eleitor olhar para um liberal com a mesma repulsa com que olha para um comunista ou progressista, ambos os quais só desejam poder e dinheiro, começará a entender como funciona o jogo político e que o establishiment é o único vencedor nas eleições.
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