O jogador Dani Alves prestou depoimento nesta quarta-feira, dia 7, no Tribunal de Barcelona, na Espanha, sobre a acusação de estupro de uma mulher de 23 anos em uma boate da cidade. Ele afirmou que a relação foi consensual e que não forçou a denunciante a entrar no banheiro onde a suposta agressão sexual teria ocorrido.
Há aproximadamente um ano sob prisão preventiva, Daniel Alves deveria prestar depoimento na segunda-feira. No entanto, a juíza atendeu ao pedido da defesa para que ele fosse ouvido após a mulher que o acusa, testemunhas e peritos.
O jogador alterou sua versão sobre o caso várias vezes, mudou de defesa e teve três solicitações de liberdade provisória negadas, com a Justiça citando o risco de fuga do país.
O Tribunal de Barcelona negou o pedido do Ministério Público da Espanha para realizar a audiência a portas fechadas. As sessões foram públicas, com a imprensa em uma sala separada, mas sem captações de áudio ou imagem.
Suposta vítima
A mulher que acusou Daniel Alves teve sua identidade protegida durante seu depoimento na segunda-feira, ficando atrás de um biombo para evitar contato visual com o jogador.
Uma reprodução em vídeo dela, com a imagem e a voz distorcidas, foi exibida aos presentes para preservar sua identidade.
Ela reafirmou ter sido violentada pelo atleta durante aproximadamente 1h30.
Depoimento de Daniel Alves
Daniel Alves relatou sua versão dos eventos, começando por um encontro com amigos em um restaurante, seguido de idas a outros locais, incluindo uma boate. Ele afirmou que a relação com a denunciante foi consensual e negou qualquer ato de violência, afirmando que a acusação de estupro arruinou sua vida, levando ao bloqueio de sua conta bancária e ao rompimento de contratos comerciais.
Este é o relato completo do depoimento de Daniel Alves diante do Tribunal de Barcelona:
Me encontrei com meus três amigos para irmos comer na Taverna del Clínic. Chegamos por volta das 14h30. A princípio, iriamos apenas comer, mas fazia muito tempo que não nos víamos e o encontro se estendeu até uma da manhã. Pedimos cinco garrafas de vinho e uma garrafa de uísque japonês.
Daniel Alves – Jogador de futebol acusado de estupro na Espanha.
Bebi duas garrafas de vinho e um copo de uísque. Quando saímos do restaurante fomos para Nuba, passamos um tempo tomando uma rodada de gin tônica.
Quando saímos de lá, pegamos o carro no estacionamento, Bruno (amigo do jogador, Bruno Brasil, que prestou depoimento na terça-feira) estava dirigindo porque eu tinha bebido muito e não conseguia dirigir.
Depois fomos para Sutton com Bruno. Chegamos por volta das 2h30 da manhã. Eles me acompanharam até a mesa sete. Pedi para mudar para a seis, sem qualquer impedimento. Apenas ao lado desta mesa há um banheiro próximo. Sou um cliente frequente do Sutton e sempre tenho essa mesa disponível para não ter que atravessar o clube para ir ao banheiro.
A porta estava aberta. Chegamos ao estande, começamos a beber e dançar um pouco. As primeiras duas garotas vieram e ficaram dançando por um tempo. Depois, convidaram três meninas, a reclamante e suas amigas.
Elas não ficaram nada incomodadas. Eles chegaram, começaram a nos cumprimentar. Começou uma conversa, nos mudamos, conversamos. Sou uma pessoa muito próxima, mas com respeito. Acho que elas sabiam quem eu era.
Ela colocou a mão para trás e começou a tocar nas minhas partes. Estávamos dançando, interagindo.
Já estávamos mais próximos, ela começou a dançar mais perto de mim, esfregando suas partes nas minhas. Uma típica dança disco. Uma dança um pouco mais próxima. Ela colocou a mão para trás e começou a tocar minhas partes.
Não precisei insistir para que ele fosse ao banheiro. Ela disse ‘sim’ para ir ao banheiro, não precisei insistir. Eu falei para ela que ia primeiro ao banheiro e esperei um pouco, pensando que ela não ia vir, que ela não queria.
E quando abri a porta praticamente esbarrei nela na porta.
Quando abri a porta praticamente esbarrei nela.
Ela se ajoelhou na minha frente e começou a me fazer sexo oral. Baixei as calças e sentei no vaso sanitário. Alves imitou a posição perante o tribunal.
A felação (sexo oral) foi praticamente toda a relação. Eu estava com as costas pressionadas. Depois ela sentou na frente das minhas pernas, quando fui ejacular, o fiz fora de sua parte íntima.
Em nenhum momento ela me disse que não queria nada. Eu não dei um tapa nela, nem a joguei no chão. Não sou um homem violento. Ela não me disse que não queria fazer sexo.
Em nenhum momento ela me disse que não queria nada. Nunca mais vi a reclamante e seus amigos. Quando saímos do clube, eu tinha bebido demais. Minha esposa estava dormindo na cama.
É a mesma coisa que eu disse no segundo depoimento à Justiça). No primeiro eu só disse sexo oral porque pensei que minha esposa poderia me perdoar.
Recebi a notícia de que estavam me acusando de estupro na imprensa. Meu mundo desabou.
Fiquei praticamente arruinado porque bloquearam minha conta no Brasil e quebraram todos os meus contratos “.
Outros depoimentos
Juana Sanz, esposa de Daniel Alves, também prestou seu depoimento. Segundo ela, seus amigos e o gerente da boate, o jogador estava visivelmente embriagado na data do incidente.
Um sócio da boate também testemunhou, alegando que a mulher admitiu voluntariamente ter ido ao banheiro, mas acabou impedida de sair posteriormente.
No terceiro dia de audiência, peritos forenses, policiais científicos e especialistas da defesa também prestaram depoimentos.
Pena para o crime
A legislação estipula uma pena de até 12 anos de prisão para esse tipo de crime, mas o Ministério Público solicitou nove anos para Alves. Espera-se que, se condenado, ele cumpra até seis anos de reclusão, dado o pagamento de 150 mil euros feito pela defesa no início do processo. A advogada da mulher questiona a possível redução da pena. Além disso, o MP pediu que Alves seja submetido a dez anos de liberdade condicional após a prisão, com proibição de se aproximar ou comunicar com a vítima durante esse período.
( * ) Portal Meu Amazonas com informações da Agência Estado.