Manaus (AM) – A Justiça do Amazonas revogou o habeas corpus concedido à médica Juliana Brasil Santos, investigada pela morte do menino Benício, em Manaus.
A decisão, publicada nesta sexta-feira (12), foi assinada pela desembargadora Carla Maria Santos dos Reis, que considerou que a Câmara Criminal era incompetente para analisar o pedido. Com isso, a liminar que garantia liberdade provisória à médica foi anulada.
Benício morreu no dia 23 de novembro após ser atendido no Hospital Santa Júlia.
Juliana admitiu o erro na prescrição em documento enviado à polícia e em mensagens para o médico Enryko Queiroz, mas sua defesa afirma que a confissão ocorreu “no calor do momento”.
A técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, responsável por aplicar a dose, também é investigada. Ambas respondem ao inquérito em liberdade.
Delegado aponta erro sistêmico no atendimento a Benício
O delegado Marcelo Martins, da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), afirmou nesta segunda-feira (8/12) que a morte de Benício Xavier de Freitas, de seis anos, no Hospital Santa Júlia, foi resultado de um erro sistêmico que envolveu diferentes profissionais da unidade. As falhas no atendimento, segundo o delegado, foram graves e devem ser apuradas em detalhes.
Médica reconhece erro na prescrição de adrenalina
De acordo com Martins, a médica responsável pela primeira avaliação prescreveu a administração de adrenalina por via endovenosa, uma conduta inadequada para o quadro de Benício.
A criança deveria ter recebido a medicação por nebulização, conforme o protocolo médico. A própria médica reconheceu o erro, o que foi registrado tanto no prontuário do paciente quanto em mensagens de WhatsApp anexadas ao inquérito.
Técnica de enfermagem não seguiu procedimento de dupla checagem
A técnica de enfermagem que aplicou a adrenalina declarou que seguiu as orientações do sistema eletrônico do hospital. O delegado explicou que não houve a etapa de dupla checagem, obrigatória para medicamentos de alto risco, o que classificou como uma sequência de falhas que culminaram na morte da criança.
Perícia investigará falhas no sistema do hospital
A defesa de Juliana Brasil apresentou um vídeo sugerindo que a via de administração do medicamento pode ter sido alterada automaticamente no sistema de prescrição do hospital.
O delegado afirmou que esta hipótese será investigada por uma perícia técnica, embora a vistoria preliminar realizada pela polícia não tenha identificado falhas no software. O laudo pericial deve esclarecer se o erro foi humano, tecnológico ou uma combinação de ambos.
Falhas estruturais no Hospital Santa Júlia também são investigadas
Além dos erros humanos, a Polícia Civil apura falhas estruturais no Hospital Santa Júlia, como a ausência de farmacêutico no setor durante o atendimento. A falta desse profissional, segundo Martins, pode ter impedido a detecção do erro crítico antes de ser administrado à criança.
Polícia investiga sequência de erros que levaram à morte de Benício
Especialistas destacam que é essencial revisar constantemente as práticas clínicas, capacitar adequadamente as equipes e garantir a fiscalização permanente para evitar vulnerabilidades no atendimento de crianças. A morte de Benício é um exemplo de como falhas em diversos níveis podem resultar em tragédias evitáveis.
Avanço nas investigações
A Polícia Civil continua tratando o caso como homicídio e segue apurando as responsabilidades pela morte de Benício. Raiza Bentes e Juliana Brasil permanecem sob investigação, e o Tribunal de Justiça do Amazonas ainda deve decidir se mantém ou não o habeas corpus preventivo de Juliana.
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