Manaus (AM) – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) deflagrou, na manhã desta terça-feira (29), a operação “Militia”. A ação tem como alvo oito policiais militares e um perito da Polícia Civil suspeitos de formar uma milícia envolvida com crimes de roubo, extorsão mediante sequestro e associação criminosa.
A operação foi coordenada pela 60ª Promotoria de Justiça Especializada no Controle Externo da Atividade Policial e Segurança Pública (Proceapsp) e contou com o apoio de 150 policiais civis e militares, além do Caocrimo — centro especializado no combate ao crime organizado.
Prisões e buscas
Foram cumpridos nove mandados de prisão — oito preventivos contra PMs e um temporário contra o perito — além de 16 mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram nas residências dos suspeitos e no Batalhão da Força Tática, no bairro Praça 14, zona sul de Manaus.
A investigação começou após um sequestro ocorrido em fevereiro de 2025, no bairro Manoa, que foi filmado por populares e amplamente divulgado. A partir do caso, o MPAM identificou outras duas vítimas, extorquidas em aproximadamente R$ 300 mil.
Crimes e vítimas
Segundo o MP, os policiais miravam pessoas ligadas a atividades criminosas e seus familiares. Os alvos eram abordados com uso de violência e tinham pertences de valor subtraídos, como joias e dinheiro. O objetivo agora é rastrear os bens roubados e identificar outros envolvidos.
Durante a operação, foram apreendidos:
- 14 pistolas
- 3 fuzis
- 1 revólver
- 1 fuzil de airsoft
- 653 munições
- 14 celulares
- 3 veículos
- R$ 10.695 em espécie
As armas serão periciadas e inseridas no Banco Nacional de Balística para verificar uso em homicídios.
Mais vítimas podem surgir
O promotor Armando Gurgel, responsável pela investigação, acredita que outras vítimas devem se apresentar após a prisão dos agentes. “Essas prisões podem encorajar novos relatos. Nosso trabalho é contínuo no controle externo da atividade policial”, disse.
O comandante-geral da PMAM, coronel Klinger Paiva, declarou apoio à operação. “Esses oito policiais não representam os seis mil homens da corporação. A PM quer tudo esclarecido”, afirmou.
A operação também contou com o apoio da DJD-PM, Core/PC, Denarc e DRCO, setores especializados das Polícias Civil e Militar.
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