Relatório da Polícia Federal aponta que a família Bolsonaro e Martin de Luca, advogado de Donald Trump, alinharam ataques sistemáticos a ministros do Supremo, visando descredibilizar o Poder Judiciário
PF Vê Conluio de Jair e Eduardo Bolsonaro com Advogado de Trump em Ataques ao STF
Brasília (DF) – Um novo relatório da Polícia Federal (PF) aponta uma suposta articulação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o advogado norte-americano Martin de Luca para coordenar uma campanha de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), com o ministro Alexandre de Moraes como alvo principal.
A investigação, que culminou no indiciamento de Jair e Eduardo, revelou uma série de mensagens e documentos que indicariam um alinhamento estratégico com grupos e plataformas estrangeiras. Martin de Luca, que representa a Trump Media & Technology Group e a plataforma Rumble em um processo contra Alexandre de Moraes nos Estados Unidos, estaria no centro dessa suposta trama.
Alinhamento Estratégico Contra o Judiciário
A PF teve acesso a mensagens de áudio em que Jair Bolsonaro pede orientações a Martin de Luca para elaborar uma nota a ser publicada nas redes sociais. O objetivo era agradar Donald Trump após a imposição de tarifas a produtos brasileiros, e o ex-presidente demonstrava uma “relação de sujeição” de sua comunicação ao advogado.
A PF também identificou chamadas telefônicas entre os dois, em que links sobre supostas reações de Moraes e documentos da Justiça brasileira eram compartilhados.
Para os investigadores, o diálogo entre o ex-presidente e o advogado demonstra uma atuação “subordinada a interesses de agentes estrangeiros” para deslegitimar as decisões judiciais que conflitavam com seus interesses. O objetivo, segundo a PF, seria atribuir “descrédito ao Poder Judiciário nacional” de forma coordenada.
Documentos e Estratégias Encontradas pela PF
A investigação também encontrou evidências físicas que corroboram a tese de conluio. Durante busca e apreensão na casa de Jair Bolsonaro, a PF encontrou cópias impressas e traduzidas de petições apresentadas na Justiça dos EUA contra o ministro Moraes. Outro documento, apreendido na sede do Partido Liberal (PL), continha perguntas que pareciam ser dirigidas ao ex-presidente, como: “Se você voltasse ao cargo, como abordaria as questões da reforma judicial e do equilíbrio de poder no Brasil”.
Coleta de informações
A Polícia Federal aponta que o documento retrata uma “entrevista levada a efeito por profissional jurídico” com a finalidade de coletar dados e informações estratégicas sobre temas relacionados à soberania nacional.
A participação de Eduardo Bolsonaro na suposta rede coordenada foi confirmada pelos investigadores, que encontraram publicações do deputado compartilhadas por Martin de Luca em seu perfil no X (antigo Twitter) logo após a criação da conta.
Em um comunicado nas redes sociais, o advogado Martin de Luca confirmou as conversas, mas defendeu-se alegando que se tratavam de “orientações” profissionais de rotina. Ele afirmou que a tentativa de vincular as mensagens a uma conspiração é uma “manobra desesperada” para silenciar as críticas a Alexandre de Moraes.
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